Na transição dos anos 80 para 90, o futebol amador de Vitória de Santo Antão começou a ganhar força com a construção do Estádio Severino Cândido Carneiro, “O Carneirão”. Tal iniciativa do poder público em levantar uma praça de esportes que atendesse aos anseios dos desportistas gerou uma empolgação inédita dos dirigentes de pequenos clubes. Sabendo que entrariam em campo para uma cidade inteira ver, os donos de pequenas agremiações levaram o futebol a sério montando equipes competitivas.
No decorrer da década, surgiu a Desportiva Vitória, que aparecera com o intuito de recrutar valores da bola que se destacavam na região. Não demorou muito para que joias aparecessem e consequentemente o futebol do município ganhasse fama pelo interior pernambucano. Glorioso de forma meteórica, o Tricolor das Tabocas desbancou rivais perigosos e teve uma trajetória invejável naquela época.
Já crendo que a cidade precisava de outra representação estadual no futebol, um grupo de desportistas, empresários e políticos, profissionalizaram, nos anos 2000, o Vera Cruz – time amador com maior prestígio até então. O também tricolor entrou tímido numa terceira divisão do Campeonato Pernambucano e subiu mais um degrau para encarar o Vitória, em 2004, numa segunda divisão.
Ano de pleito eleitoral, a influência do futebol local já penetrava na política. Quando os dois times se enfrentaram na segundona de 2004, a disputa ia do campo para arquibancada. Quem tem boa memória, certamente recorda que o estádio ficava dividido em duas cores: vermelho e amarelo – as cores dos prefeituráveis que os presidentes dos dois clubes apoiavam naquela eleição. Em 2004, o vermelho levou a melhor…
Começou uma briga por baixo dos panos e, em 2008, quando o Vitória tentava sair de mais uma segundona, a politicagem falou mais alto. Era ano de eleição. O clube foi impedido de treinar no estádio municipal, pois o prefeito da época impediu que isso ocorresse, justamente na pré-temporada que todo o clube tem que fazer. O Vitória teve que ir pra Limoeiro, pois o prefeito daquela cidade havia dado o aval para o time realizar seus jogos no Estádio José Vareda. A polêmica foi destacada em sites, rádio e televisão.
É claro que deixar o clube sem treinar foi o estopim para que o lado ”ofendido” levantasse sua campanha política. E foi o que deu certo. Ônibus lotados partiam para Limoeiro em dias de jogos e havia uma distribuição de ingressos. Era sempre campo lotado, com duas mil, três mil pessoas. A campanha daquele ano foi construída em cima disso e talvez, os 232 votos de diferença do amarelo em cima do vermelho (as cores folclóricas da política local), saíram das arquibancadas. Por causa disso, em 2008, o amarelo levou a melhor…
O aprendizado disso tudo é que nada vai evoluir se houver politicagem. O futebol do município há anos vive estagnado. Os clubes se revezam entre primeira e segunda divisão, mas nunca evoluem. Ainda bem que não utilizam mais o futebol de nossa terra como espada de batalha política.
Muito coisa melhorou, inclusive a visão dos dirigentes.. UFFA!