As obras do Estádio Severino Cândido Carneiro, “O Carneirão” seguem em continuidade após a liberação do Governo do Estado que permite a execução de trabalhos da construção civil em todo o território pernambucano. Na manhã desta quarta-feira (1º), a equipe do Blog Nossa Vitória esteve na praça esportiva para conferir de perto o estágio em que se encontra o processo de reforma.
A obra ficou parada durante 51 dias devido à pandemia e isso atrapalhou parcialmente o esforço das frentes de trabalho que atuavam em cada detalhe do campo. No retorno às atividades, os operários conseguiram acelerar alguns pontos críticos da obra, como a parte administrativa, por exemplo, realizando retoques em vestiários, banheiros, paredes e coberturas do setor.
O lance de arquibancadas do lado do placar foi totalmente demolido, tendo em vista ter sido construído na década de 90 em cima de uma barreira, que também foi corroída pela erosão provocada pelas infiltrações decorrentes do sistema de esgoto de um loteamento residencial construído no relevo do terreno.
Wendel Alves, engenheiro responsável pela obra, relatou à coluna Na Arquibancada que as chuvas do mês de junho atrapalharam algumas etapas do processo, que já está em fase de drenagem. “As chuvas interromperam os nossos serviços, principalmente na drenagem, pois a enxurrada derrubava as barreiras dentro das escavações e gerava outro serviço a ser feito, o que também aconteceu na arquibancada sul. A pandemia também nos atrapalhou”.
Sobre a drenagem, Wendel explicou que é feita uma tubulação cruzada estilo “espinha de peixe”, com um revestimento de geomembrana, brita, areia, terra vegetal e grama. Depois desse procedimento, será executada a irrigação com a instalação de aspersores para molhar o gramado. “É um sistema bem moderno”, pontuou.
A obra, que foi anunciada no início de março deste ano, foi orçada em R$ 2.699.929,95 (dois milhões seiscentos e noventa e nove mil, novecentos e vinte e nove reais e noventa e cinco centavos), com previsão de conclusão em seis meses, todavia, observa-se que será preciso um esforço redobrado para atender ao tempo previsto.
“Estamos correndo atrás, esperando peças pré-moldadas e não temos nenhum pensamento sobre prorrogação de prazo. Vamos focar agora no esforço das equipes com vistas nas recuperações estruturais”, frisou Wendel.
Entraves envolvendo o estádio já duram mais de dez anos
O estádio Severino Cândido Carneiro foi inaugurado com festa em 3 de agosto de 1990, durante as comemorações dos 345 anos da Batalha das Tabocas. Na ocasião, o espaço foi preparado para a estreia da Desportiva Vitória no Campeonato Pernambucano de 1991. Segundo o Cadastro Nacional de Estádios de Futebol 2016, da CBF, a praça esportiva tem capacidade para comportar 10.911 pessoas.
O estádio carrega algumas histórias boas, como a época de ouro da Desportiva Vitória, a profissionalização do Vera Cruz, a disputa da Copa Libertadores Feminina em 2012 e os jogos da Liga Vitoriense de Desportos. Mas como quase todo estádio público também amarga histórias com finais inesperados pelos desportistas.
Em 2008, por exemplo, a Acadêmica Vitória (antiga Desportiva), jogou a segunda divisão do Campeonato Pernambucano em Limoeiro, no Agreste, pois o estádio da cidade não oferecia condições de uso e teve sua liberação impedida pelo prefeito da época, José Aglailson.
Em 2017, ocorreu a última partida oficial antes do seu recente fechamento ao público e aos clubes, já com a estrutura comprometida. Então, times como Vitória e Vera Cruz peregrinaram por outras cidades para disputar os jogos da temporada.
Ainda no mesmo ano, uma audiência pública foi realizada na Câmara de Vereadores para decidir o futuro do estádio, entretanto, nada foi colocado em prática e a Federação Pernambucana de Futebol (FPF/PE) não concedeu laudo aprovando as condições do campo em 2018.
Em 2020, a esperada reforma foi anunciada pelo atual prefeito Aglailson Júnior e a empresa para executar o serviço foi a FFJ Construtora LTDA, que corre contra o tempo para entregar a obra no prazo estimado.