Barganha pelo poder na Assembleia Legislativa

O projeto do senador Fernando Bezerra gera um novo contraponto a Paulo Câmara na Assembleia Legislativa. Nos bastidores, deputados da base governista reclamam da falta de diálogo entre o governador e seus aliados, sinalizando que a Frente Popular deve perder musculatura para 2018. A oposição, que tinha apenas em Armando Monteiro o candidato natural para a disputa, agora dispõe de uma chapa alternativa que deve “empolgar”, pelo tamanho da aliança construída, considerando municípios importantes como Petrolina, Caruaru e Jaboatão dos Guararapes.

Os deputados do PMDB, ao que tudo indica, permanecem na base governista, porque ocupam pastas como Habitação (Kaio Maniçoba) e Desenvolvimento Econômico, hoje sob os cuidados do dirigente estadual do partido, o vice-governador Raul Henry. Com reservas de respeito e estima a FBC, Tony Gel e Gustavo Negromonte reconhecem como inconcebível o PMDB não marchar junto a Paulo Câmara. Ambos se orgulham de ter posição definida em favor do socialista, ressaltando que “participam do governo”. Entretanto, aguarda-se que Jarbas Vasconcelos e Raul Henry determinem como proceder diante da filiação do senador.

No PSD, um dos maiores partidos do Congresso, o deputado federal André de Paula, que ocupa espaços no governo estadual, como a direção do Detran-PE, também se mostra como aliado inalienável. O partido tem deputados na situação, como o vice-líder do governo, Rodrigo Novaes, além de Joaquim Lira e Romário Dias. No entanto, o dissidente Álvaro Porto (PSD) declarou publicamente que trabalhará para o PSD marchar ao lado de Bezerra Coelho. Profundamente insatisfeito com a gestão socialista, Porto já se engajara por Armando e entusiasmou-se ainda mais quando FBC se lançou na disputa.

Outro deputado que pode mudar de lado é André Ferreira (PSC). A família Ferreira já fez acenos para o grupo do senador Fernando. Jaboatão dos Guararapes, segundo maior do Estado, tem servido de vitrine para esse projeto, com a visita de Armando, Fernando Filho e Bruno Araújo, no último mês. Embora considere cedo para definir posição, André reforça a proximidade com Fernando e tece elogios à capacidade política dele. Irmão do deputado, o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PR), atua como articulador desse grupo e também espera trazer o PR para a oposição.

Nos bastidores, existe um rumor de que o governador esteja perdendo adesão da maioria dos deputados estaduais, por não recebê-los e por seus secretários não atenderem pedidos. “Acho que a maioria da base deve mudar de lado. O governador não atende ninguém, a Casa Civil também, o governo não consegue resolver as coisas e isso gera insatisfação. Se o projeto de Fernando se concretizar, os deputados vão aderir”, diz um deputado da base que não quis se identificar.

O gradual isolamento do PSB na Casa tende a se refletir pelo Estado afora. Entre os prefeitos, a perda de aliados é patente em casos como Goiana, com Osvaldo Rabelo Filho (PMDB), e Gravatá, de Joaquim Neto (PSDB), que reclamam da “incapacidade de resolver problemas” por parte do socialista. Há uma queixa recorrente de que os secretários são inacessíveis. Existe, também, o caso do Cabo de Santo Agostinho, onde o prefeito Lula Cabral (PSB) cultiva uma insatisfação velada.

Se terá ao seu lado o PSD para dar mais tempo de televisão, o PSB tem forte chance de perder o PMDB – maior partido do Congresso. Outro aliado, no entanto, acredita que a formação numerosa da Frente Popular em 2014, com mais de 20 partidos, não faz mais sentido atualmente. “As pessoas estão esperando alguém verdadeiro, sincero, que tenha projeto de verdade. Fernando quer poder pelo poder. E demonstrar força como aliado de Temer é demonstrar fraqueza com o povo pernambucano”, diz, também em reserva, outro deputado.

Blog da Folha

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