Polícia para inglês ver; Entenda

O aumento dos casos de homicídios no Estado de Pernambuco é consequência da defasagem existente no efetivo ativo disponível nos quadros de Oficiais e Praças da Polícia Militar de Pernambuco, aliado a falta de estratégias de enfrentamento ao crime por parte da Secretaria de Defesa Social do Estado, junto às Operativas sob sua Gestão.

Por amostragem, analisamos as incidências na área de responsabilidade do 21º BPM, onde pudemos constatar não só o déficit de efetivo em relação à população existente, como também, a atuação de caráter exclusivamente reativa, fruto da falta de planejamento e estratégias Operacionais.

Percebemos o engessamento das viaturas que atuam no Policiamento Ostensivo Preventivo, sejam Guarnições Ordinárias ou Especializadas, fazendo com que a atuação policial seja conhecida e esperada pelos criminosos, em razão destas sempre atuarem de forma estática, repressivamente, nos locais onde já ocorreram homicídios, perdendo desta forma o caráter preventivo e o fator surpresa que tanto pesa a favor da Polícia.

Está mais do que provado pelos números resultantes desta modalidade ineficaz de policiamento, que quanto mais estática se torna a atividade policial, mais dinâmico se torna o crime, por consequência, o descrédito no aparato policial por parte da população e dos próprios policiais, só aumenta.

Ações de Inteligência aliadas a análises criminais como subsídios ao planejamento estratégico fazem falta nos dias atuais, pois, conhecendo bem as incidências e os fatores que as motivam, o Policiamento seria melhor alocado, de forma cirúrgica, mesmo com a defasagem de efetivo, alcançando uma maior mobilidade a abrangência da área de responsabilidade através de rondas ostensivas, pré-determinadas com base nas incidências e no contato com a população local, de forma a permitir que o trabalho policial se aproxime mais das realidades que o crime provoca na sociedade.

A subnotificação das incidências criminais provocadas pela falta de estratégias de enfrentamento ao crime, pelo engessamento das viaturas, pela falta de efetivo, pela desmotivação da tropa em razão dos abusos de poder e assédios morais sofridos no âmbito das Unidades Operacionais, causada pela péssima política de recursos, aliados ao grande tempo que as viaturas passam nas delegacias para finalizarem ocorrências simples e ao grande número de empenhos do efetivo operacional em atividades administrativas e sem valor operacional, trazem a falsa sensação de segurança mostrada pela Secretaria de Defesa Social, quando esta afirma estar reduzindo as incidências, mas na verdade, o que tem reduzido são os registros dos crimes, estes continuam ocorrendo à revelia do aparato policial e são sentidos diuturnamente na pele pela população. Quanto menor a área de abrangência e a mobilidade do policiamento, menor o registro de ocorrências, isto não quer dizer que as incidências diminuíram, mas que a polícia está cada vez mais inoperante e ineficaz em sua missão de policiamento ostensivo e preventivo.

O que percebemos nesta falta de estudo e percepção do crime e dos fatores que o impulsionam é a falta de foco ou o foco colocado na incidência errada, a polícia empenha todos os seus esforços para policiar os locais onde ocorreram os homicídios em detrimento do policiamento nas áreas comerciais, residenciais e de grande circulação de pessoas e de papel moeda, fomentando a prática de roubos e furtos que são as incidências que maior sensação de insegurança causam na população.

A atividade primária que fomenta tanto os crimes de homicídio quanto os roubos e furtos é o tráfico e o consumo de entorpecentes, ausência de policiamento nos dias, locais e horários destas atividades criminosas possibilita a venda de drogas a grosso e a varejo, causando um efeito reboot em decorrência das dívidas que são geradas pelo consumo e pelo tráfico, resultando no aumento dos roubos e furtos, pois os objetos adquiridos por estes meios são usados como moeda de troca nas ‘bocas de fumo’ e principalmente dos homicídios, pois, o não pagamento das drogas adquiridas, resulta na morte dos adquirentes e muitas vezes de seus familiares, as estatísticas mostram que mais de 70% dos homicídios ocorridos estão relacionados ao tráfico e ao consumo de entorpecentes.

Por fim, observamos que a falta de políticas públicas aliadas ao empirismo e ausência do policiamento preventivo e ostensivo são fatores determinantes no aumento das incidências criminais, precisamos dar mais importância aos crimes de proximidade e aos pequenos delitos como a perturbação do sossego, atritos verbais e agressões, pois estes muitas vezes resultam em homicídios.

Precisamos encarar a realidade criminal com inteligência, estratégia e planejamento operacional aplicados aos casos, não apenas agir relativamente ou reduzir os registros de ocorrências para maquiar os índices ou usar o velho “clichê”: “a polícia militar realiza rondas ostensivas com apoio do Grupo de Apoio Tático Itinerante e de Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (ROCAM), pois bem sabemos que nem rondas a polícia realiza mais.

DESMOTIVAÇÃO DA TROPA CAUSADA PELA PÉSSIMA POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS E ASSÉDIOS MORAIS

Os comandantes que pressionam excessivamente a tropa por resultados só fazem desmotivá-la. Com isso, deixam os seus comandados reprimidos e inoperantes quando lançados no ambiente operacional. Os agentes desmotivam-se e não optam mais agir ativamente nas ocorrências e só vão atuar repressivamente, quando são pressionados e isso reflete na redução de registros de ocorrências.

Policiais que deveriam estarem motivados e com mais energia, agindo de forma proativa, ‘procurando’ as ocorrências antes mesmo delas acontecerem, ficam inertes, pois já estão abatidos – e com razão: pela falta de apoio muitas vezes que ocorre dentro da própria Organização Militar.

Muito destes gestores estão preocupados com coisas que já são padrões dentro da Corporação como a limpeza de coturno, barba, cabelo e bigode, além de higienização das viaturas, horários de refeições e etc.

Gestores que ficam procurando motivos para oprimir e tirar o incentivo dos subordinados, fazem tão somente que o policial vá desencorajado às ruas e quem ganha com isso são os bandidos e quem paga o preço é a sociedade.