No Estado, volume de empregos formais para estrangeiros passou de 904 em 2012 para 1.355 em 2014.
A entrada de estrangeiros em Pernambuco aumentou, nos últimos anos, de 68,8 mil em 2012 para 77,6 mil em 2014, segundo dados do Observatório de Migrações Internacionais da Polícia Federal. O último levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostra que o número de imigrantes com vínculo formal de trabalho no Recife também subiu, de 525 para 752 no mesmo período de dois anos. No Estado, o volume de empregos formais para estrangeiros passou de 904 para 1.355 considerando o mesmo período, com predominância de portugueses, italianos e latino-americanos.
“Houve também um intenso fluxo de orientais na última década, atraídos pela própria dinâmica econômica brasileira. Esse é um movimento diferente das migrações atuais de Sírios, por exemplo, relacionadas a uma situação de guerra. Para os orientais, a escolha de Pernambuco representa não só um lugar sem conflitos, mas uma terra de oportunidades”, explica o doutor em sociologia do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Tarcísio Augusto Alves.
Os fluxos migratórios são historicamente catalisadores de transformações econômicas, explica o professor de economia do Cedepe Business School e da UFRPE, Luiz Maia. Ele detalha que, no Brasil, a chegada de imigrantes mudou relações culturais e profissionais ao longo dos anos, e o comércio sempre foi um setor receptivo a essas novas influências. “A história do setor é a do intercâmbio de ideias e o comerciante estrangeiro sempre foi um agente transformador que tende trazer inovação, enriquecendo o quadro cultural e profissional”, opina Maia, considerando o benefício das migrações regulares.
Embora a atual retração da economia desestimule o aporte de novos investimentos, o mercado ainda em desenvolvimento de Pernambuco e, de modo geral, do Nordeste, tende a continuar atraindo profissionais em busca de novas oportunidades de crescimento, avalia o economista. Na escalada de desemprego, contudo, a concorrência dos estrangeiros no mercado de trabalho pode ser um ponto desafiador. “A síntese, entretanto, é positiva no longo prazo, uma vez que há o intercâmbio de práticas e costumes. Por exemplo, os brasileiros são mais intuitivos na condução dos negócios, enquanto outros povos, como os europeus, têm maior apego aos números”, argumenta.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE), Josias Albuquerque, reconhece a grande contribuição dos estrangeiros nas atividades do Estado. “O comércio é uma atividade aberta aos estrangeiros, cuja atuação desde os mascates portugueses sempre foi relevante na economia local. Quando as atividades são regulares, legalizadas, a presença dos imigrantes só ajuda os consumidores pela concorrência e os números do setor, gerando emprego e renda”, comenta.