A partir de novembro, a Operação Lei Seca será intensificada durante o dia com o intuito de fechar o cerco a motociclistas em situação irregular. A medida encontra justificativa numa constatação simples: quem bebe à noite e volta para casa por conta própria não costuma usar uma moto para isso. Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), 47,7% dos acidentes ocorrem pela manhã, e outros 44,6%, à tarde. Os fatores são muitos, mas os números mostram que, parte deles, tem relação com a embriaguez. A uma pesquisa feita pelo Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto (Cepam) com 406 pacientes internados em hospitais do Recife, 42% dos entrevistados responderam que tinham ingerido bebida alcoólica antes da ocorrência. Dados preocupantes como esses serão discutidos, a partir de hoje, na Semana Nacional do Trânsito.
Em Pernambuco, foram registrados 45.942 acidentes em 2014, 75% deles (34,2 mil) sobre duas rodas. No primeiro semestre deste ano, dos 21,1 mil casos, 16,2 mil envolveram esse tipo de veículo. A estimativa é de que um paciente grave gere, em média, um gasto de R$ 230 mil. “Com o questionário aplicado nos hospitais da Restauração, Otávio de Freitas e Getúlio Vargas, tivemos esses 42% que admitiram o uso de bebida, mas suspeitamos de mais. Se sabemos que a moto é característica de quem trabalha, principalmente no Grande Recife, e que anda-se pouco com moto após as 19h, é um norte interessante para a fiscalização”, explica o coordenador do Cepam, João Veiga.
Segundo o tenente-coronel André Cavalcanti, à frente da Operação Lei Seca em Pernambuco, o perfil do motociclista alcoolizado é mais encontrado no Interior. “É comum flagrar infrações juntas: alcoolemia, documentação atrasada, veículo irregular. Já na Capital, nossa quantidade de abordagem de motos é pequena porque passam poucas nas blitze. Mas quando a gente realiza a operação durante o dia, os problemas aparecem”, detalha. O modelo de fiscalização durante o dia será o mesmo que o noturno: presença em grandes corredores, levando em conta internações em unidades de saúde. “Se somos informados que alguma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) está recebendo muitos acidentados, passamos a dirigir esforços para aquela região, inclusive sobre as cinquentinhas. Bairros como Ibura, Jordão e Casa Amarela concentram muitos casos”, acrescenta.
Semana
A programação da semana em Pernambuco, que tem como tema “Seja Você a Mudança no Trânsito”, será aberta hoje, às 8h30, com a palestra “Acidentologia no Trânsito”, na sede do Detran-PE, no Recife. Também haverá distribuição de material educativo em 42 postos de combustíveis com a participação da Turma do Fom-Fom. Blitze educativas serão realizadas na Capital, inclusive com a participação do Samu, Corpo de Bombeiros e Operação Lei Seca. Outro destaque é a Feira de Educação para o Trânsito, que terá simuladores de pilotagem e condução de automóveis, além de jogos interativos nos dias 22 e 23. As atividades seguem até o dia 25.
Fim da exigência do extintor
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu tornar optativo o uso de extintor de incêndio em carros, utilitários, camionetas, caminhonetes e triciclos de cabine fechada. O equipamento, que era obrigatório desde 1970, seguirá sendo exigido apenas para os veículos de transporte de passageiros, caminhões, caminhão-trator, microônibus, ônibus e destinados ao transporte de produtos inflamáveis, líquidos e gasosos. A nova regra passará a valer assim que for publicada na forma de uma resolução, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Segundo o Contran, a mudança ocorre após 90 dias de avaliação técnica e consulta os setores envolvidos. A partir de 1º de outubro, o extintor do tipo ABC passaria a ser obrigatório, mas os fabricantes alegaram que seria necessário três ou quatro anos para atender à demanda das lojas. Por outro lado, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva argumentou que, dos dois milhões de sinistros em veículos cobertos por seguros, 800 foram causados por incêndios, mas em apenas 24 (3%) o extintor foi utilizado. Além disso, em países como os Estados Unidos, a obrigatoriedade não existe porque se constatou que a falta de treinamento para o manuseio poderia pôr o condutor em riscos maiores que os do próprio incêndio.
Por fim, o Contran justificou a medida afirmando que “as inovações tecnológicas introduzidas nos veículos resultaram em maior segurança contra incêndio”, o que inclui “o corte automático de combustível em caso de colisão, localização do tanque de combustível fora do habitáculo dos passageiros, flamabilidade de materiais e revestimentos, entre outras”. A fiscalização continuará nos veículos em que o uso é obrigatório. A punição é de multa de R$ 127,69, além de cinco pontos na CNH.