Governador precisará mudar discurso sobre melhorias salariais para os servidores
Maio será o “mês da verdade” para o governador Paulo Câmara (PSB). Diante das cobranças por melhorias salariais feitas pelos servidores estaduais, o socialista vem pedindo paciência até a divulgação do relatório do quadrimestre que apontará a real situação financeira do Estado. O balanço será divulgado este mês e a partir daí o discurso governista precisará mudar.
Para o economista Jorge Jatobá, da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), o horizonte não é dos melhores. “O governador não está fazendo demagogia. Ele tem um problema concreto nas mãos porque o quadro de dificuldade econômica é real, A arrecadação está caindo e houve uma queda na transferência de recursos da União para os Estados”, diz.
O problema, para o governo, é que além das atuais cobranças por melhoriais salariais, está se aproximando da época oficial de negociação entre o Estado e as diversas categorias de servidores. Jorge Jatobá afirma que se as previsões negativas se confirmarem, Paulo precisará ser firme nas negociações para que Pernambuco não ultrapasse os limites com gastos de pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “O Estado vai dar o aumento que puder. Se não puder, não vai dar. O governo não pode chegar a uma situação em que pagar a folha salarial vira manchete de jornal”, diz.
De acordo com Jatobá, a crise financeira não é uma exclusividade de Pernambuco. Ele ressalta cita dificuldades maiores em outros Estados. “Em Sergipe, o governo não conseguiu pagar a folha de pagamento”, destaca.
Para tentar fazer com que sobre mais dinheiro em caixa, o governador anunciou no início do ano um plano de contigenciamento de gastos de custeio com o objetivo de economizar cerca de R$ 320 milhões. Recentemente, Paulo afirmou que se as perspectivas econômicas não melhorarem o “corte na carne” pode ser mais profundo para elevar esse número a R$ 600 milhões. A reavaliação será feita este mês.
Para a economista Tânia Bacelar, que já foi secretária da Fazenda, esses números apontados por Paulo se enquadram dentro de uma análise considerada normal. “Todo governo trabalha com cenários. Com um cenário otimista, um média e um pessimista. Esse é o pessimista”, fala.