Tecnologia em desenvolvimento pela Celpe transformará resíduos sólidos e efluentes líquidos coletados pela Compesa em biogás
O esgoto dos pernambucanos será usado para gerar energia renovável. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) anunciou nesta quinta-feira o início do projeto de pesquisa de desenvolvimento para geração de energia elétrica a partir de efluentes líquidos e resíduos sólidos da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). A iniciativa tem como finalidade criar a tecnologia necessária para transformar resíduos sólidos e efluentes líquidos em biogás, que será utilizado na matriz energética brasileira.
No total serão investidos mais de R$ 4,6 milhões na aquisição dos equipamentos, capacitação profissional, desenvolvimento da tecnologia, instalação e acompanhamento após implantação. O projeto faz parte do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor Elétrico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e conta com a parceria da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos do Governo do Estado (SRHE), e executado pela Universidade de Pernambuco (UPE), Centro de Gestão de Tecnologia e Inovação (CTGI) e as empresas B&G Pesquisa e Desenvolvimento em Sistemas Elétricos Ltda e Sustente Energias Sustentáveis Ltda.
O projeto de P&D construirá um sistema de geração de energia renovável com potência estimada em 200 kW, em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Compesa. Inicialmente, a energia gerada pelo biogás será utilizada na própria unidade de tratamento ou, caso haja excedente, injetada na rede da Celpe. O percentual não consumido pelo cliente e destinado à rede da concessionária será revertido em crédito para o consumidor, como prevê a Resolução Normativa nº 482/2012, que trata sobre geração distribuída.
Além de proporcionar a geração de energia limpa, o projeto em desenvolvimento pela Celpe ainda pode contribuir de forma decisiva para diminuir o déficit de tratamento de esgoto no País. “Vamos estudar uma tecnologia que possa ser aplicada em várias situações. Em paralelo à ETE, vamos procurar uma solução para os resíduos produzidos em supermercados, feiras, lixões, aterros, restaurantes e todos os locais onde exista a obra-prima para o biogás”, comenta o gestor de Meio Ambiente da Celpe, Thiago Caíres.
Por estimular a descentralização da produção energética, o projeto se enquadra na modalidade de geração distribuída de energia elétrica. Nos casos de clientes que aderem ao sistema de micro ou minigeração não há necessidade de construção de linhas de transmissão, uma vez que a energia é consumida no mesmo local em que é produzida, reduzindo consideravelmente os níveis de perdas técnicas inerentes ao transporte da energia elétrica.