A Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco realizou, nesta quinta-feira (22), uma visita técnica ao Cemitério Municipal de São Sebastião, em Vitória de Santo Antão, um dos patrimônios cemiteriais e históricos pernambucanos que está em processo de tombamento junto ao Governo do Estado. Com mais de 12 mil túmulos, o cemitério preserva sua configuração inicial e conta com influências neoclássicas, góticas, ecléticas, além de adornos judaicos e egípcios nos túmulos.
A visita foi guiada pelo arqueólogo Marcelo Hermínio dos Santos, natural de Vitória de Santo Antão e autor do pedido de tombamento ao Governo de Pernambuco. Marcelo Hermilo tem muita propriedade para falar sobre o assunto, pois seu doutorado foi concluído com a pesquisa intitulada Práticas funerárias religiosas no Cemitério de São Sebastião – Vitória de Santo Antão-PE (1875-2020). Clique aqui e confira.
A atividade também fez parte da programação da Semana do Patrimônio Cultural de Vitória de Santo Antão e contou com a participação de estudantes de graduação, mestrado e doutorado do Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além de representantes das secretarias de Educação e Cultura da prefeitura municipal. Também estiveram no local técnicos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que foram acompanhar de perto o processo de tombamento do espaço.
“A construção do Cemitério de São Sebastião, iniciada em 1873 e concluída em 1875, data uma época em que uma série de cemitérios públicos foram construídos no Brasil a partir da proibição dos enterros nas igrejas, em 1801. Este fato se deu como parte de uma política higienista iniciada naquele período e voltada para a modernização das cidades, mas também marcada pela transição do período imperial ao republicano”, destaca Pollyana Calado, técnica da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC) da Fundarpe e pesquisadora sobre o patrimônio cemiterial no estado.
Em Pernambuco, a proibição efetiva dos enterros em igrejas aconteceu em 1841. Logo em seguida, veio a inauguração do Cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas, conhecido como Cemitério de Santo Amaro, em 1851 – local que é tombado pelo Governo de Pernambuco. Depois, surgiram outros cemitérios, dentre eles o Cemitério de São Sebastião, que apresenta detalhes urbanísticos e históricos que se assemelham aos outros construídos na época.
Após a visita guiada, foi realizada uma roda de diálogo na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão, com o objetivo de discutir detalhes do processo de tombamento do cemitério histórico da cidade, bem como as proposições de preservação e conservação do local. O edital de abertura do processo de tombamento em curso foi publicado no Diário Oficial de Pernambuco, no dia 1º de maio deste ano.
“O Cemitério de São Sebastião apresenta uma representação única da sociedade vitoriense dos últimos 150 anos, desde questões da religiosidade e costumes até patrimônios materiais como jazidas centenárias que existem no local A necessidade de propor o tombamento deste espaço aconteceu com percepção de que ele deve e merece ser preservado. É importante para que as próximas gerações possam saber do seu passado e para que possam olhar para o seu futuro”, destacou Marcelo Hermínio.
“Foi muito importante a presença da Secretaria Municipal de Educação neste encontro forque a educação patrimonial é fundamental na conservação deste bem. A relação de pertencimento da comunidade com o local é o que vai garantir que ele seja preservado. O tombamento é uma ferramenta rígida neste sentido, mas não é uma garantia sem o envolvimento da sociedade na proteção deste patrimônio”, ressaltou Nilson Cordeiro, técnico da DPPC da Fundarpe presente no encontro.
SEMANA DO PATRIMÔNIO – Promovida pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundarpe, o evento chegou à sua 17ª edição e conta com a colaboração de diversos parceiros e prefeituras municipais de todas as regiões do estado, se estabelecendo como um espaço de debates sobre questões essenciais para a compreensão das formas de constituição, valorização, reconhecimento e preservação dos patrimônios culturais.
Neste ano, com o tema “Educação, Território e Participação Social”, a Semana buscou destacar a relevância dos diferentes processos educativos, da participação social e gestão compartilhada na proteção e salvaguarda dos patrimônios culturais em diversos territórios pernambucanos. Clique aqui e confira a programação.
Com informações do Portal Cultura PE