Várias famílias foram aos três cemitérios de Vitória de Santo Antão, nesta quarta-feira (02), Dia de Finados, para celebrar a memória de seus entes queridos. No principal cemitério da cidade, o de São Sebastião, a movimentação foi intensa durante todo o dia, na primeira passagem da data após o período crítico da pandemia de Covid-19 que eclodiu nos últimos dois anos. Além de quem foi realizar o ritual de acender velas e fazer preces, ao dia também foi marcado pela ação de pequenos empreendedores.
Na parte de fora do cemitério central, se repetiu o tradicional comércio de flores, velas e adereços par enfeitar os jazigos. Para garantir o bem-estar dos comerciantes, a Prefeitura da Vitória disponibilizou toldos e uma equipe de saúde prestando consultas rápidas para aferição de pressão e teste de glicemia, além de ônibus para buscar familiares em localidades mais distantes. Desde o ano passado, a prefeitura coloca na programação a apresentação da Orquestra do Centro Musical da Vitória (CEMUVI), no São Sebastião, e amplia o horário de funcionamento de todos os três cemitérios.
Nickácio Lima foi ao local para vender água. Com a temperatura elevada, a procura foi boa, segundo ele, que ainda elogiou a logística. “É a primeira vez que venho aqui pra vender, pra tentar fazer um dinheirinho. É muito organizado, por isso estou conseguindo vender bem aqui na frente. Estou fazendo o terceiro ano agora e já me organizando com esse dinheiro dos extras pra cursar minha faculdade”, comemorou.
Na capela do São Sebastião, inaugurada em 1943, quatro missas foram celebradas durante o Dia de Finados. Um dos celebrantes foi o padre Sérgio Pereira, da Paróquia do Livramento. “Essas missas representam muitas vezes uma libertação para quem perdeu alguém que tanto ama. Estamos acostumados a lidar com a vida, mas precisamos lidar também com a morte. Trazemos a palavra de Deus para confortar e dizer que a morte é um processo natural da vida e é preciso lidar com ela”, destacou.
Já no Cemitério de São Batista, no Distrito de Pirituba, Gilvaneide Letícia e Maria Luciana estavam fazendo a mesma coisa que fazem há mais de 15 anos. Elas, assim como os demais empreendedores, também aproveitaram para fazer comércio. “Aqui tá bom, porque o cemitério foi aumentado pela prefeitura, agora tem velório, e ficou mais organizado do que antes. Eu cheguei aqui muito cedo e as vendas estão boas para mim e para minha amiga, graças a Deus. Agradecemos muito pela organização”, disse Gilvaneide. À noite, conforme tradição da comunidade, foi celebrada missa campal no cemitério, presidida pelo Padre Rafael Menezes.
O Cemitério de Quanduz, na zona rural, sempre registra pouco fluxo, mas se antes os sepultamentos ocorriam a céu aberto, atualmente, o espaço foi todo murado e vem recebendo ações de melhorias estruturais, como ampliação para abertura de novas covas, construção de velório e iluminação. Maria José, moradora do bairro Lídia Queiroz, estava com alguns parentes visitando o tumulo da mãe, que morou num sítio próximo por grande parte da vida.
“Você chega aqui agora e se sente gente, porque não era digno enterrar uma pessoa num pedaço de chão dentro do mato, sem muro, sem nada. Quem mora aqui perto é enterrado aqui, como a minha mãe morava. Então a coisa mais certa do mundo foi fazer isso, limpar e colocar o poste, porque quem chega no final da tarde não vai ficar mais no escuro. Eu estou feliz porque prometeram e fizeram, não ficou só na conversa não”, destacou Maria.
O prefeito Paulo Roberto destacou sobre o empenho para organizar a passagem da data no município. “Nossas equipes de trabalho pensam nos mínimos detalhes nestas ações: da limpeza à chegada das pessoas. Então, foi tudo muito organizado por quem quer ver as coisas acontecerem da forma correta, com dignidade para quem vem visitar os nossos cemitérios. Sabemos que a cidade preciso de um novo local para os sepultamos e já temos dado o aval para que seja construído. É só uma questão de tempo para poder colocar em prática essa grande novidade para Vitória”, salientou o gestor.