A passagem dos 15 anos de Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão da UFPE (CAV) foi marcada pela solenidade de inauguração da quinta usina fotovoltaica da Universidade, realizada na última sexta-feira (20). O evento, que seguiu os protocolos de distanciamento para conter a propagação do novo coronavírus, também integra a programação comemorativa dos 75 anos da UFPE e foi aberto com a apresentação do trio de jovens musicistas, Beatriz, Iasmin e Michelle, da classe de Violino do Centro Musical da Vitória (Cemuvi).
Para o reitor Alfredo Gomes, a implantação de uma nova matriz energética na UFPE expressa “o compromisso com uma agenda planetária, e também reflete a agenda de sustentabilidade ambiental e econômica da UFPE”. Segundo adiantou o superintendente da Infraestrutura, Carlos Falcão, a usina de 351 kWp vai proporcionar uma economia esperada de R$ 230 mil por ano para a Universidade, iniciativa que contou com muito esforço e empenho de toda a sua equipe de trabalho.
Gomes ainda afirmou que a história do CAV é muito parecida com a história de muitas outras unidades que se espalharam pelo interior do Brasil e destacou que “ela é resultado de uma política de educação superior que aliava o processo de interiorização com o processo de democratização do acesso”. Sobre a lei das cotas, o reitor pontuou que, alinhado com essa proposta, a gestão da Universidade também aprovou, recentemente, uma política de ação afirmativa que, segundo declara: “Tenho absoluta clareza da vinculação com essas políticas lá de trás, que são ações afirmativas nos mestrados e doutorados de nossa universidade, da pós-graduação”.
Um dos mais enfáticos defensores da pauta da sustentabilidade na gestão, o vice-reitor Moacyr Araújo informou que a atividade da UFPE implica na emissão de CO² que gira em torno de 2.600 toneladas por ano e que, com as usinas fotovoltaicas, a instituição vai deixar de emitir esse gás que provoca o aquecimento global. “As cinco usinas vão promover a economia de R$ 1 milhão por ano, valor que pode ser utilizado para atividades acadêmicas, por exemplo”, destacou.
EMENDAS – Já para o deputado federal Túlio Gadelha, autor da emenda parlamentar que conferiu recursos públicos para a implantação das usinas, a partir de um projeto como esse (das usinas fotovoltaicas), o CAV deve dizer ao mundo que a universidade é, sim, para todos. “Que a interiorização é um projeto que deu certo, que gera oportunidade e desenvolve os municípios no interior do Brasil. Esse deve ser o principal grito do CAV. Estudar hoje parece ser um ato de resistência. Estar na sala de aula, seja para lecionar ou aprender, é sim um ato de resistência”, complementou o parlamentar.
A partir de uma consulta popular para definir prioridades, Gadelha aprovou duas emendas parlamentares para destinar R$ 3 milhões à UFPE, e os projetos escolhidos foram a pesquisa sobre o uso de pele de tilápia no tratamento de queimados, desenvolvida no Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), que recebeu R$ 1,8 milhão, e o auxílio na instalação de usina fotovoltaica no CAV, de R$ 1,2 milhão. Quando o reitor iniciou sua fala, foi feito o anúncio, pelo representante da prefeitura de Vitória, Péricles Tavares, de que o gabinete do prefeito vai encaminhar a cessão do terreno do antigo zoológico da cidade para a UFPE poder realizar a ampliação do campus do CAV.
Segundo o professor José Eduardo Garcia, diretor do CAV, que também destacou a relevância da passagem dos 15 anos do centro acadêmico, o empreendimento da usina se tornou possível a partir das iniciativas das professoras Alice Valença e Ana Lisa Gomes e do ex-vice-diretor do centro Renê Duarte, que apresentaram a solicitação de emenda parlamentar ao deputado Túlio Gadelha. “A partir desse esforço coletivo, o CAV agora produz sua própria energia elétrica utilizando uma fonte limpa e sustentável”, disse. Ao longo de sua história, o CAV já formou 2.150 bacharéis e licenciados, 237 mestres e 92 residentes.
Representando os demais pró-reitores e pró-reitoras da Universidade, a professora Carol Leandro, da pasta da Pós-Graduação, lembrou que integrou a equipe dos 12 primeiros docentes que atuaram no CAV e afirmou que a Universidade tem que sair de seus muros, tem que ir onde o povo está; e uma grande característica do CAV são seus projetos de extensão e de pesquisa, que incluem a população. “Quero aqui dizer da minha alegria de estar dando um ponto inicial nesse processo de sustentabilidade, mas acreditando que isso é só o início de uma série de ações que vão envolver o ensino, na formação de nossos estudantes; a pós-graduação, na formação continuada; e a extensão; que são os três pilares da universidade”, reforçou.
O estudante Vitor Arruda, do curso de Saúde Coletiva do CAV, representando os discentes do Centro, declarou que “inaugurar o parque fotovoltaico do CAV não é somente uma simples inauguração de um processo energético, mas é o progresso que se estende da capital para o interior e faz com que as políticas de interiorização permaneçam firmes. E é por elas que vamos continuar lutando”. O vereador André Carvalho também esteve à mesa da cerimônia.
Fotos: Bernardo Sampaio