Quase 230 casos de coqueluche já foram registrados em Pernambuco este ano, sendo 83 confirmados até o momento. Os números são 266,1% e 219,2%, respectivamente, maiores que as notificações e confirmações dos primeiros três meses de 2018.
A alta colocou todo o Estado em alerta para o risco aumentando de transmissão da enfermidade que é provocada pela bactéria Bordetella pertussis e é altamente contagiosa. Chama atenção ainda que a grande maioria dos indivíduos registrados seja de crianças que não chegaram ao primeiro ano de vida: 44 casos são de menores de dois meses e 63 dos pacientes têm entre dois e cinco meses.
Para frear o avanço da doença, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) junto com representantes das cidades destacam a importância da vacinação oportuna e correta, principalmente nas grávidas e bebês. A partir da próxima semana, com a abertura da Campanha Nacional de Imunização contra a Influenza, no dia 10, as secretarias municipais vão aproveitar para reforçar a situação vacinal também da coqueluche.
Segundo dados da SES, 92,25% das crianças menores de 1 ano foram imunizadas em 2018 com a Pentavalente (que inclui proteção contra difteria, tétano, coqueluche, a bactéria haemophilus influenza tipo b e hepatite B), quando a meta era 95%. A vacinação de gestantes com a dTpa (difteria, tétano e coqueluche) também ficou abaixo do recomendado: 60,68%. “A medida agora é vacinar. Vamos aproveitar as pessoas que forem para a campanha de influenza e atualizar as cadernetas”, comentou o diretor de Controle de Doenças Transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES), George Dimech.
O diretor disse que a elevação de casos acompanha uma tendência de ciclos da doença. “O surto por conceito é uma alteração no padrão esperado. Como o aumento de casos de coqueluche é esperado a cada quatro ou cinco anos, este aumento de agora já era esperado, é um aumento cíclico da doença. Mas do ponto de vista do paciente, quanto mais casos aconteçam, maior o risco de transmissão na população. Então, nós estamos em um momento de aumento do risco, principalmente nos menores de seis meses”, esclareceu. De fato, 187 dos casos suspeitos de 2019 se concentram nas crianças de 0 a 4 anos.
A infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Regina Coeli, confirmou que nos últimos meses têm aumentado a demanda de crianças com a doença. A unanimidade entre elas era a falta de doses da vacina Penta que exige três doses – aos 2, 4 e 6 meses de idade – para garantir de proteção inicial, assim como do reforço aos 15 meses e aos 4 anos. Outra necessidade para evitar o adoecimento dos recém-nascidos é a imunização das grávidas. “A gestante a partir das 20ª semana tem o direito de tomar a vacina dTpa. Com a mãe imunizada, o recém-nascido ganha uma parte de anticorpos dela e fica protegido, já que ele próprio só pode tomar a vacina a partir dos dois meses”, explicou.
O Recife é a cidade com a maior quantidade de casos suspeitos no Estado. A Capital compila 91 notificações, com 50 doentes já confirmados e outros 31 em investigação. A Secretaria Municipal de Saúde informou que os profissionais de saúde são orientados a notificar casos suspeitos em até 24h, para que se inicie a investigação e as medidas de prevenção e controle, com o intuito de interromper a cadeia de transmissão.
“A partir da ciência dos casos, realiza-se a coleta de amostras de secreção nasofaríngea para confirmação ou descarte do caso, bem como a identificação de contatos visando à realização de quimioprofilaxia (medicação de prevenção) e vacinação seletiva”, disse em nota. A vacinação seletiva deve ser feita em comunicantes, familiares e escolares, menores de até 6 anos, 11 meses e 29 dias, não vacinados, com esquema vacinal incompleto ou com situação vacinal desconhecida, com a administração de uma dose da vacina contra a coqueluche (DTP ou penta) e a orientação de como proceder para completar o esquema de vacinação.
Folha de Pernambuco
Foto: Jose Britto/Folha de Pernambuco