Com mais de 20 anos de atuação na Polícia Civil, a delegada Sylvana Lellys, que ficará á frente do novo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) garantiu que as investigações da Delegacia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos (Descap), que foi extinta, terão continuidade. Mas disse que é preciso “despersonificar” esse trabalho e declarou estar muito “tranquila e à vontade” com a missão. Ela lamentou o desinteresse de Patrícia Domingos, ex-titular da Decasp, em ser sua adjunta e falou que os delegados convidados é que vão decidir se ficam ou não com a equipe do Decasp.
“Patrícia para mim é uma grande investigadora, senão eu não a teria convidado para dividir essa cruz comigo. Eu não poderia deixar sua expertise engavetada, precisava da experiência dela, mas ela mostrou desinteresse”, declarou, dizendo que entende a negativa. “Quando saí da homicídios eu fiquei louca, eu achava que só investigava homicídios, eu era apaixonada por aquilo, é um sentimento natural”.
Sylvana declarou que os delegados da unidade terão, como ela, liberdade para montar suas equipes. Informou que solicitou viagem para o Sertão, “para colocar o Draco à disposição”. E que pretende ter uma assessoria de imprensa exclusiva. “É para proteger nossa equipe de uma exposição maior, foi um pedido que eu fiz, para que os delegados tenham mais liberdade, fiquem mais à vontade para investigar. Estaremos lidando com gente poderosa ou extremamente perigosa, ligadas à corrupção e crime organizado”, afirmou.
ATUAÇÃO
Filha de policial e de professora, ela participou da estruturação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), área de atuação por mais de 11 anos. E passou por várias outras delegacias, como a do Jordão e do Recife Antigo, além de dar aula a universitários. “Trabalhei em casos complicados. Na época áurea dos grupos de extermínio era eu que os desbaratava. Meu índice de elucidação de homicídios era de 80%”, relatou.
Nos bastidores, a nomeação foi questionada pelo fato de um irmão da delegada, Sylvio Roberto Lellis, que era agente da Polícia Civil, ter sido preso e exonerado sob suspeita de corrupção, em 2012, sendo liberado pouco depois. “Ele foi absolvido por negativa de autoria (provou-se que não tinha culpa) e está com pedido de reintegração à polícia na Justiça”, informou ela, acrescentando que a lisura da família é tanta que tudo está sendo resolvido na Justiça, sem envolvimento de ninguém. “Se não houvesse lisura ele nem era preso. Qualquer um pode ser investigado”.
JC Online
Foto: Guga Mattos/JC Imagem