Os casos confirmados de leptospirose em Pernambuco aumentaram 78% e os notificados cresceram 40% na comparação entre 2018 e 2017. O período avaliado é de janeiro até o dia 26 de maio. Se no ano passado foram 251 notificações da doença, com 50 confirmações, hoje o volume é de 352 suspeitas e 89 resultados positivos.
O cenário demonstra uma persistência da leptospirose, que é transmitida pela urina de ratos contaminados, e acende o alerta para a população e médicos sobre sintomas como febre, fadiga e dor muscular posterior em até 30 dias do contato com enchentes, lixo ou lama de locais de risco de roedores. A demora no diagnóstico associada a comorbidades pré-existentes são apontados por especialistas como fatores de risco de agravamento e óbito por leptospirose. Até agora, foram atestadas quatro mortes em decorrência da enfermidade e oito ainda estão em investigação.
As cidades com óbitos confirmados são Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Paulista e Recife, mas a densidade maior de casos se concentra na Capital, em Jaboatão, Olinda, São Lourenço da Mata e Camaragibe. No Recife, a gerente interina de Vigilância Epidemiológica, Denise Oliveira, destacou que desde o início do ano foi reforçado nos serviços de saúde o diagnóstico precoce e a diferenciação da leptospirose das arboviroses.
Em Jaboatão, a superintendente de Vigilância, Vânia Freitas, destacou que enchentes, falta de saneamento e maus hábitos da população para acondicionar o lixo confluem para o aumento dos casos de leptospirose. Sobre o resíduo doméstico, ela chama atenção especial já que é nesse descarte inadequado que os roedores acabam se proliferando. Por isso, o enfrentamento passa pelo poder público, mas também pelo comportamento cidadão. “Somente em 2018 já foram mais de cinco mil imóveis desratizados. Desses, 709 foram imóveis sofreram ação de bloqueio por que houve caso suspeito de leptospirose na área”, comentou. A morte confirmada na cidade foi a de um adolescente de 13 anos, no primeiro trimestre do ano.
A Prefeitura Camaragibe informou que, a partir da notificação dos casos, a Vigilância Epidemiológica, em conjunto com a Vigilância Ambiental, realiza a investigação e a coleta de sorologia para determinar onde as pessoas contraíram a doença. Quando confirmado o caso, é feito bloqueio para controle de roedores e iniciada orientação à população para prevenção da doença e acondicionamento de lixo. A gestão enfatizou que não há registro de óbitos por leptospirose na cidade até então. Em Olinda, o mesmo procedimento é realizado de maneira integrada. A Prefeitura de São Lourenço da Mata não enviou reposta sobre a situação da doença no município até o fechamento desta edição.
“Quando começaram as chuvas irregulares e se percebeu a pluviosidade maior, a gente já instituiu o protocolo para que todas as unidades intervissem o mais precocemente na questão de caso suspeito. Essa iniciativa vem impactando nos pronto-atendimentos e temos observado que não estamos tendo o número de óbitos de antes”, comentou.
De fato, na Capital pernambucana, nos primeiros cinco meses do ano passado, foram duas mortes confirmadas por leptospirose, e desta vez há apenas uma. Esse óbito de 2018 foi o de um homem de 48 anos e que tinha dependência alcoólica. A gestora reforçou que o trabalho de combate aos roedores e de prevenção à doença é amplo e realizado por distrito sanitário seguindo programação que envolve não só a vigilância, mas a limpeza urbana.
Folha de Pernambuco