As más condições das rodovias brasileiras vão gerar um custo extra de R$ 2,54 bilhões ao transporte nacional de cargas e passageiros só neste ano. O cálculo é da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que constatou uma piora na qualidade da infraestrutura rodoviária depois de rodar por mais de 105 mil quilômetros avaliando as condições de pavimento, sinalização e geometria das estradas do País. A Pesquisa CNT de Rodovias 2017 explica que 61,8% das rodovias brasileiras são apenas regulares, ruins ou péssimas. Em 2016, esse índice era de 58,1%. Por isso, o custo operacional do transporte subiu de 24,9% para 27% em 2017.
“Esse índice prejudica muito a atividade transportadora porque onera os custos do frete. Afinal, uma série de outros custos começa a aparecer quando a infraestrutura é ruim. Em uma rodovia que tem problemas no pavimento e na sinalização, por exemplo, os caminhões precisam reduzir a velocidade e isso aumenta o consumo de diesel. Se o pneu estourar nos buracos, é outra despesa adicional”, explicou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, revelando que o custo operacional do transporte pode subir 90% em rodovias consideradas péssimas, que correspondem a 8,1% da malha rodoviária nacional, a 11,2% da malha nordestina e a 15,6% da malha pernambucana.
“No Nordeste, os custos logísticos representam 30% do faturamento das empresas. E o transporte responde por 14% desses 30%. Isso é muito alto. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, esse índice é de 5%”, acrescentou o presidente da Associação Nordestina de Logística (Anelog), Fernando Trigueiro, lembrando que os problemas ainda aumentam o tempo do transporte das mercadorias.
É por isso que a CNT estima que o setor de transporte brasileiro tenha um consumo desnecessário de 832,30 milhões de litros de diesel só em 2017, o que vai gerar um custo extra de R$ 2,54 bilhões às transportadoras. E Batista alerta: quem vai pagar isso é o brasileiro. “Essa despesa adicional tende a ser repassada para o frete. Portanto, será paga por toda a sociedade, pelo produtor e pelo consumidor”, disse, frisando que, além de aumentar o preço das mercadorias no mercado interno, esse custo diminui a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
O diretor da CNT explicou ainda que a má avaliação das rodovias brasileiras reflete a falta de investimentos na infraestrutura nacional. “A maior parte das rodovias brasileiras são antigas e não foram modernizadas, por isso estão saturadas”, disse, contando que seriam necessários R$ 293,8 bilhões para dotar o País de uma infraestrutura rodoviária adequada à demanda nacional. Mesmo assim, apenas R$ 3,01 milhões foram investidos no primeiro semestre deste ano no setor. Em 2016, os investimentos somaram R$ 8,61 bilhões. “O orçamento destinado à infraestrutura tem caído desde 2012, tanto que, neste ano, vai ficar próximo do ano passado”, lamentou.
Folha de Pernambuco