A operação-padrão da Polícia Militar (PM) teve um novo capítulo de embate entre as associações que representam a tropa e o Governo do Estado. Em portaria publicada em seu boletim geral, a Secretaria de Defesa Social (SDS) determinou a prisão de sete policiais por participação nas passeatas promovidas pela categoria nos dias 6 e 9 de dezembro de 2016.
Os atos tiveram o intuito de pedir a equiparação de salário com o dos policiais civis e terminaram com a adesão dos militares à operação-padrão e a recusa coletiva de novas cotas do Programa de Jornada Extra de Segurança (Pjes), o que afetou o policiamento nas ruas. O período das prisões varia de 21 a 25 dias, a depender de quem foi punido.
Foram alvos dos processos dois soldados do 21º Batalhão da PM, com sede em Vitória de Santo Antão; dois cabos do 8º, em Salgueiro, no Sertão; além de outros dois cabos e de um sargento.
Nas portarias, assinadas pelo secretário de Defesa Social, Angelo Gioia, foi apontado o fato de o estatuto da corporação “proibir a participação de militares do Estado em quaisquer manifestações coletivas”, inclusive “as de caráter reivindicatório”. Foi citado ainda que a Constituição estabelece regras próprias para servidores dessa categoria, como a proibição de que realizem greves.
Não foi a primeira vez que punições em resposta à operação padrão foram aplicadas. Os próprios dirigentes das associações já sofreram reveses nos últimos meses, como a obrigatoriedade de terem que voltar aos batalhões e se afastarem das atividades nas entidades de classe e o rebaixamento de patente de um capitão para tenente por decisão judicial. Recentemente, as instituições foram descredenciadas e deixaram de receber um valor que era descontado dos contracheques de seus associados.
“São punições arbitrárias. Qual o crime? O de fazer uma caminhada pacífica?”, indagou o presidente da Associação de Praças, José Roberto Vieira. “A mesma Constituição assegura o direito à associação. Prender só afeta esses policiais na distância deles da família e na falta de estímulo para trabalhar”, completou o vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados, Nadelson Leite.
Folha de Pernambuco