Artropatia pós-chikungunya. Esta é a denominação de doença reumatológica relacionada à infecção por esta arbovirose que será apresentada nas próximas semanas. O estudo é coordenado pelo Hospital das Clínicas de Pernambuco e reúne mais de 800 voluntários dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.
Segundo uma das responsáveis pelo estudo, a médica Aline Ranzolin, os achados demonstram que as características apresentadas pelos pacientes que persistem com problemas articulares não podem ser definidos como outras enfermidades já conhecidas, a exemplo da artrite reumatoide ou espondilite anquilosante. Os mecanismos da nova doença ainda estão sendo esclarecidos. Mas as drogas para tratamento desses outros quadros têm surtido efeitos na artropatia também.
A pesquisa, que é o primeiro inquérito de vulto sobre as complicações articulares da chikungunya no País, começou em abril. Como critério, incluiu no acompanhamento pessoas que após a arbovirose permaneciam, até três meses depois da fase aguda, com dores e inchaço no corpo.
Ao longo deste primeiro ano muitos dos voluntários ainda permanecem com sequelas. “A maioria ainda sendo tratado e acompanhando. Foram poucos que realmente resolveram as queixas. Nesses parece que a doença durou três ou quatro meses e nunca mais apresentaram nada. Mas muito ainda não conseguem tirar remédio, ou até progrediram no volume de medicações porque ainda continuam com as manifestações reumatológicas”, comentou Aline Ranzolin. Ela destacou que este é um capítulo importante da análise dos aspectos da infecção uma vez que o primeiro surto de chikungunya foi em La Réunion Island, na África, em 2005. Mas nada como nas dimensões da epidemia verificada no Brasil entre 2015 e 2016.
“Teremos dados para mostrar ao mundo a partir de como o vírus se comportou aqui. E ainda existe uma possibilidade que tenhamos dois vírus da chikungunya circulando, dessa foram seriamos o único país que teve a entrada de dois vírus diferentes: o asiático que teria entrado pelo Oiapoque e o vírus africano que entrou pela Bahia”, contou. A média tranquilizou que a presença de dois tipos virais não significa que a pessoa possa a doença mais de uma vez, porque há uma imunidade cruzada que impede uma reinfecção.
Ainda sobre a artropatia pós-chikungunya os dados preliminares com os pacientes do estudo CHICKBRASIL apontam que o comprometimento articular crônico acontece em mais de quatro articulações, com prevalência de sequelas nas mãos, joelhos e tornozelos. O dano é simétrico, ou seja atinge os dois lados do corpo, e pode vir acompanhado do ou não de inflamação. Anteriormente, acreditava-se que a aborvirose apenas “despertava” quadros reumáticos de pacientes já tinham predisposição, mas agora verifica-se que pacientes sem esse histórico também podem ser atingidos.
Epidemia
A entrada do vírus no Brasil aconteceu em 2014, mas somente em 2015 houve um crescimento de casos no cenário nacional. Em Pernambuco foram notificados 8.848 casos em 2015 e 58.969 no ano seguinte. De janeiro até o dia 13 de maio de 2107 já ocorreram 1.537 notificações.
da Folha de Pernambuco