Depois do governador Paulo Câmara (PSB) afirmar que caberia aos secretários estaduais decidir se cortariam ou não o ponto dos servidores que resolvessem aderir à greve geral desta sexta-feira, a reportagem do Jornal do Commercio procurou os auxiliares do socialista para saber a decisão de cada um sobre o tema.
A secretaria de Educação informou que houve uma adesão de 62,8% da rede estadual de ensino à greve geral e salientou que esse número foi alto porque muitos servidores tiveram dificuldades de conseguir transporte público para chegar aos seus postos de trabalho. A informação é de que, até o momento, a decisão de cortar o ponto dos faltosos não foi colocada em discussão.
De acordo com a secretaria de Defesa Social, a adesão da Polícia Militar à greve geral foi ‘zero’. A assessoria de comunicação da pasta informou que a Central de Plantões não foi paralisada e que o Instituto de Criminalística, Instituto de Medicina Legal e Corpo de Bombeiros também funcionaram.
Ainda segundo a secretaria, “apenas os representantes sindicais dos policiais civis tentaram incentivar, sem sucesso, o não funcionamento das delegacias”. Sobre o corte no ponto, a assessoria da SDS informa que cada caso será analisado de forma individual e que vai ouvir a justificativa dos faltosos. Dependendo da situação, o servidor pode ter o ponto cortado e terá que responder a um procedimento administrativo.
A secretaria de Saúde informou que “não registrou paralisação nos serviços de emergência vinculados à rede estadual”. Houve casos isolados de servidores que encontraram dificuldades para chegar ao local de trabalho, mas que foram solucionados, caso a caso, pelas respectivas diretorias. No nível central da SES, o expediente transcorreu normalmente”.
Em uma nota alinhada com outras secretarias – Fazenda, Transportes e Micro e Pequena Empresa -, a secretaria de Saúde informou que “não existiu liberação de ponto para nenhum servidor público estadual. As faltas serão analisadas individualmente e quem não justificar terá o dia descontado”.
A secretaria de Administração, responsável por gerir o corpo de funcionários do governo estadual, disse que não houve nenhuma orientação específica sobre a greve geral e e reforçou o que Paulo Câmara havia declarado: que a decisão caberá a cada secretário.
Por sua vez, a secretaria de Planejamento e Gestão informou que não iria se posicionar sobre o assunto.
De acordo com a secretaria de Agricultura, o expediente foi normal. A assessoria do órgão informou que não haveria corte no ponto dos funcionários que não conseguiram chegar ao trabalho devido à greve geral.
O secretário de Turismo, Felipe Carreras, também disse que o expediente foi normal em sua pasta, mas tranquilizou quem não apareceu no trabalho. “Não vou cortar ponto de quem faltou”, garantiu.
As secretaria de Habitação e Desenvolvimento Econômico, que são comandadas pelo PMDB, partido contrário à greve geral, destacaram que o expediente foi normal e que não houve ausência de funcionários. A secretaria das Cidades também deu essa mesma informação e complementou que quem não conseguiu chegar ao local de trabalho não será penalizado.
Segundo a assessoria da secretaria de Desenvolvimento Social, o titular da pasta, Roberto Franca disse que o “expediente seria normal e não ameaçou ninguém de corte de ponto”. A informação repassada pela assessoria foi de que a “frequência foi esvaziada como em todo lugar”.
“QUAL O OBJETIVO DESTA REPORTAGEM?”
O secretário de Cultura, Marcelino Granja, que é filiado ao PCdoB, partido que apoia a greve geral, questionou o repórter do Jornal do Commercio sobre o intuito da reportagem.
“Qual o objetivo dessa reportagem? Para mim, é uma tentativa do jornal de fazer confusão política”, afirmou.
Ainda em conversa com a reportagem, Marcelino Granja afirmou que não cabia ao governo estadual liberar os servidores para o protesto – “Não existe governo patrocinar a greve” -, mas enfatizou que a manifestação do trabalhador era livre.
Marcelino informou que não teve conhecimento de que o governador deixou a cargo de cada secretário decidir pelo corte do ponto dos funcionários públicos e declarou que a participação dos servidores na manifestação desta sexta-feira cabia à negociação dos sindicatos de cada categoria com os representantes do governo.
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), do mesmo partido de Marcelino Granja, foi à manifestação realizada no centro do Recife e informou que a prefeitura da capital pernambucana não irá cortar o ponto dos servidores municipais que aderiram à greve geral.
Informações do JC Online