Jogar rosas ao mar, pular sete ondas no ano novo para dar sorte. Essas e outras ditas “superstições” fazem parte da cultura brasileira há tanto tempo que muitos nunca se perguntaram de onde vem tantos rituais. Esses, por exemplo, fazem parte de uma religião autenticamente brasileira e que neste 15 de novembro é celebrada em todo país: a Umbanda.
A data tem uma razão de ser: de acordo com os Umbandistas, essa teria sido o dia em que a religião foi fundada. Em 2012 a ex-presidente Dilma Rousseff transformou a celebração em lei.
O sincretismo religioso é uma característica forte da Umbanda: elementos do cristianismo, espiritismo e religiões de matriz africana fazem parte dos rituais e da crença no geral.
De acordo com a professora do Departamento de História da Universidade Católica de Pernambuco, Zuleica Dantas, essa mistura de crenças faz parte do Brasil. “A Umbanda é a própria religião híbrida e o sincretismo faz parte da Cultura Brasileira, porque a nossa própria construção foi baseada em três povos: índios, europeus e negros”, explica a professora.
Já o carnavalesco Jéfferson Dos Santos acredita que o sincretismo esteve presente desde o princípio como forma de despistar a intolerância religiosa. “No tempo da perseguição, os terreiros usavam a imagem de Nossa Senhora da Conceição para representar Iemanjá, por exemplo. Santa Bárbara era Oya, Nossa Senhora do Carmo, Oxúm e São Jorge, Ogum”, explica Jéfferson que também é Zelador do terreiro Ylé Obá Olufãn Deyn.
No que consiste a Umbanda?
Tudo começou quando Zélio Fernandino, um jovem do Rio de Janeiro, incorporou a entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas em 1907/1908. O Caboclo teria profetizado todo o culto umbandista em uma mesa espirita. O espírito do Caboclo estabeleceu regras como a prática da caridade e disse que velhos espíritos de negros, os pretos velhos, e índios trabalhariam ajudando as pessoas na terra.
Crenças
Existem várias versões e práticas da Umbanda, mas entre todas elas existe alguns pontos em comum como a crença nos Orixás, a imortalidade da alma, a reencarnação e a crença em um deus: Olorum ou Zambi.
Além desses preceitos, os umbandistas também acreditam na necessidade da prática da mediunidade e em valores como a fraternidade e a Lei do Retorno (quem faz o bem recebe o mesmo).
Preconceito religioso
Assim como todas as religiões de matriz africana, a Umbanda também é alvo do preconceito de muitos, mas os que acreditam nesta crença brigam por reconhecimento. “A gente luta contra a intolerância religiosa pedindo forças aos nossos Orixás, nossos Caboclos. Pedimos força para seguir em frente e para que o preconceito não seja maior que a nossa fé e amor”, encerra Jéfferson.
Informações do NE10