O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), trabalha com a possibilidade de ter R$ 1 bilhão em caixa para investimentos no estado no próximo semestre. Essa é a previsão caso as operações de crédito entrem em pauta e sejam liberadas pelo governo federal. “Eu estou tentando fazer uma operação de, pelo menos, R$ 1 bilhão, que envolve obras hídricas, de abastecimento de água e também para a questão de rodovias”, disse ontem, em entrevista à uma rádio local. A expectativa é que, com esses recursos, o orçamento estadual fique mais livre para investimentos considerados prioritários para o governo, a exemplo das áreas de saúde, educação e segurança pública. “Eu tenho R$ 2 bilhões em projetos em prateleira, mas nós sabemos que esse valor não vamos conseguir”, lamentou.
Além dos recursos que podem ser liberados com a autorização dessas operações, o estado contará com recursos extras na ordem de R$ 50 milhões por mês. O valor é proveniente da renegociação da dívida com a União e de valores revistos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O assunto foi tratado em uma reunião, nesta semana, com presidente interino Michel Temer (PMDB). “Na reunião com Temer, nós solicitamos que fossem incluídas outras operações com o BNDES de um primeiro pacote que eles não apresentaram. Então, nós vamos ter uma receita em torno de R$ 30 milhões daquela dívida de 1997 durante seis meses e outra de R$ 20 milhões (do BNDES). Então, é uma questão de R$ 50 milhões que, nos próximos seis meses, vão dar R$ 300 milhões”, pontuou.
A dívida de 1997 é referente a uma dívida de R$ 2 bilhões que o estado fez com a União. De acordo com Paulo, ao longo dos últimos vinte anos, já foram pagos R$ 5 bilhões e restam R$ 3 bilhões. “Há claramente uma distorção, um juros muito altos. Agora isso está sendo revisto com a mudança do indexador do IPCA”. O governador, inclusive, avaliou de forma positiva a equipe econômica de Temer, apesar de fazer considerações de que, pelo pouco tempo do governo interino, ainda não conhece “todos os atores da gestão”.
“Hoje é tendência que o presidente Temer seja efetivado no cargo de presidente. A área econômica tem sido tratada de maneira séria. Nesse aspecto, a gente vê um otimismo em relação ao que pode vir a acontecer. Eu espero realmente que haja respostas efetivas”, disse. Na área econômica, Paulo Câmara ainda declarou que para alguns estados é mais importante as operações de crédito do que a renegociação da dívida. “Aceitamos a questão, mas muitos estados, se essa operação de crédito não avançar nos próximos quinze dias, com certeza, vão orientar as bancadas para não aprovar esse ajuste”, disse, referindo-se à pauta econômica do governo Temer, que inclui um teto para o aumento dos gastos públicos.
Defesa – Paulo Câmara também se manifestou a respeito da Operação Turbulência, deflagrada na última quarta-feira pela Polícia Federal. “É muito importante que isso seja esclarecido para todos nós pernambucanos, o meu partido, a minha família. Isso mexe no dia a dia. Nós que convivemos com Eduardo, nós somos os primeiros que desejamos que isso seja resolvido”, disse. O governador afirmou apoiar as investigações e é preciso, neste momento, passar o país a limpo.
“Eu tive o privilégio de trabalhar com Eduardo e conhecê-lo. Sei de sua conduta, da responsabilidade que ele tem no uso dos recursos públicos, da forma que ele tratava as campanhas políticas que ele participava. Então, eu tenho certeza e meu partido também que, ao longo das investigações, seja esclarecido tudo e a gente possa virar essa página”, comentou.
Diario de Pernambuco.
Foto: Marcio Souza/Blog Nossa Vitória.