Presídios: Éden Vespaziano não aguenta pressão e pede para deixar Secretaria de Ressocialização

É “chover no molhado” dizer que a área de ressocialização de detentos é uma das mais críticas de Pernambuco. O próprio governador Paulo Câmara (PSB) já reconheceu, em diversas oportunidades, a fragilidade do Estado nesse quesito. E a situação, que já não é boa, pode ficar ainda pior. O secretário-executivo de Ressocialização de Pernambuco (Seres), Éden Vespaziano, conversou com o governador e com o titular da pasta de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, e pediu para deixar o cargo.

Ainda não há uma data definida para a saída de Vespaziano, que é coronel reformado da Polícia Militar. Ele se comprometeu a entregar o cargo apenas quando concluir algumas ações já em andamento. Até lá, Pedro Eurico analisa os nomes de possíveis substitutos. A tarefa não é fácil, que o diga o próprio Vespaziano. Nos bastidores, comenta-se que o governador gostava do trabalho dele, mas que o pedido de demissão veio tamanha a pressão de lidar com o intricado sistema prisional do Estado.

Éden Vespaziano assumiu o posto de secretário-executivo de Ressocialização em janeiro de 2015 porque o então titular, o juiz Humberto Inojosa, renunciou ao cargo. A saída de Inojosa, que ficou apenas três meses à frente da pasta, teve como pano de fundo rebeliões em alguns dos principais presídios de Pernambuco.

De lá para cá, a situação pouco melhorou. Para dizer a verdade, ficou ainda mais complicada. Os problemas no sistema prisional continuaram com rebeliões, fugas e mortes. Em janeiro, um dos muros do Complexo Presidiário do Curado, na Zona Oeste do Recife, foi explodido e diversos presos escaparam.

Também este ano, o Sindicato dos Agentes Penitenciários bateu de frente com Pedro Eurico e Vespaziano. O presidente do sindicato, João Carvalho, afirmou que os dois haviam sido avisados sobre a possibilidade de que detentos da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, fugissem. O aviso teria ocorrido um mês antes e nenhuma providência foi tomada.

Em fevereiro, a polêmica da vez foi o secretário de Justiça e Direitos Humanos ter dito, em uma audiência pública na Assembleia Legislativa, que falava por telefone com detentos. Como se sabe, os apenados não podem ter acesso a celular e o assunto criou um mal-estar no governo estadual, mas Paulo Câmara defendeu Pedro Eurico publicamente.

Entrei em contato com Pedro Eurico por telefone e ele negou que Vespaziano estivesse de saída. “Não falo sobre o assunto enquanto ele não se concretizar. Não recebi a carta de exoneração. Se receber, a primeira medida a tomar é reconhecer o trabalho feito pelo coronel. Um trabalho bem feito e repleto de espírito público”, disse.

Algumas horas depois, voltei a falar com o secretário e ele confirmou a renúncia de Vespaziano. “Recebi a carta do coronel. Uma carta de muita amizade. Ele prestou um excelente serviço e vamos escolher outro nome o mais rápido possível. Não podemos deixar um órgão como a Secretaria de Ressocialização acéfalo”, declarou.

Além de atuar na Secretaria de Ressocialização, Éden Vespaziano foi chefe do Estado-Maior da PM e também comandante do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv).

Informações da Coluna Pinga-Fogo, do  JC

Foto: Hesíodo Goes/Acervo JC Imagem

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