Paulo critica oposição por problemas no Pacto

O governador Paulo Câmara (PSB) criticou, ontem, a atuação da bancada de oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) no debate sobre a segurança pública e melhoria do programa Pacto Pela Vida. Segundo o socialista, no decorrer do ano os oposicionistas teriam fomentado a demanda dos policiais por maiores salários, o que teria acirrado os ânimos dos profissionais de segurança pública e contribuído para a desestabilização do Pacto, resultando em uma maior ineficiência da segurança estadual. O gestor condenou, em especial, as audiências públicas realizadas pela bancada opositora que teria, em sua visão, negligenciado a apresentação de sugestões construtivas para o Pacto e se focado em discutir salários de profissionais da área além de contribuir para a animosidade entre as polícias Civil e Militar.

“Nós ouvimos sempre a oposição, mas, em relação ao Pacto Pela Vida, francamente, ela não contribuiu para o debate. Motivou muitas vezes essas brigas salariais e conflito entre polícias. Isso não vai melhorar a segurança. Temos que ter a compreensão que o Pacto Pela Vida é uma política séria e que precisa de muito trabalho para avançarmos. Não é fazendo audiência pública com o objetivo de colocar o aumento salarial como fator necessário para diminuir a violência que se vai resolver a questão. Nós estamos abertos para sugestões. Agora, não se pode brincar com uma área como essa. Um dia de audiência pública, como se propôs muitas vezes, levou, em muitos momentos, a termos desestabilização e mais gente morrendo nas ruas. O tema envolve vidas e tem que ser trabalhado com responsabilidade e não jogando para a plateia”, afirmou.

Por sua vez, o líder da oposição na Alepe, Silvio Costa Filho (PTB), disse que o governador “apequenou” o debate e que a posição do gestor revelaria a falta de costume em lidar com críticas. “O governador e o PSB pernambucano estão desacostumados com a oposição. Estão acostumados com o mandonismo e não com o contraditório. Infelizmente, o governador apequenou o debate ao não reconhecer o papel da Alepe e das audiências públicas, que são fundamentais para que a sociedade civil organizada participe dos debates. Ele prova que não tem capacidade de liderar o Pacto Pela Vida, que foi exitoso uma dia, mas agora carece de ações concretas e objetivas. Houve uma frustração de expectativas com esse programa”, rebateu.

FOGO AMIGO
Apesar de fazer parte da bancada governista na Alepe, o deputado estadual Joel da Harpa (PROS), que tem sua base eleitoral entre os policiais, condenou a fala de Paulo Câmara sobre as audiências públicas e disse que o Pacto Pela Vida tem dificuldades em dialogar não somente com os policiais, mas com a população do estado. “Discordo plenamente do governador. A Casa é de todos, por isso se fazem audiências públicas. A questão salarial interfere sim na segurança pois um profissional mal remunerado não tem motivação. As audiências levam os debates das redes sociais para as casas legislativas, como a própria Alepe, e também para o poder Executivo. Pernambuco tem um dos piores salários. Penso também que há uma dificuldade por parte da Secretaria de Defesa Social (SDS) em agregar ideias. Muitas vezes os gestores não têm conhecimento de como é um serviço policial no dia a dia. Não existe no Pacto uma discussão sobre isso. E também existe pouca escuta da sociedade em geral”, comentou.

Por Tauan Saturnino, da Folha de Pernambuco

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