A famosa frase da música do grupo Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”, foi praticamente hino de todas as lutas por políticas culturais que não alienassem o povo apenas com ‘pão e circo’, mas que contribuísse para a formação de um individuo autossuficiente, independente e crítico.
Nós que fazemos o PSOL Vitória neste 3 de agosto, junto ao coletivo É PRA VALER acompanhamos a comemoração dos 370 anos de Batalha do Monte das Tabocas, e vimos com bastante pesar a desvalorização de um local tão importante a nós vitorienses.
O poder público local, em especial a secretaria de Cultura, apesar de muitas promessas feitas no passado continua ignorando a importância do Sitio Histórico Monte das Tabocas não dando a devida infraestrutura necessária ao local, se resumindo apenas a velha política de pintar meio fio e fazer limpeza de capinzal (muito mal feita por sinal).
Todo vitoriense reconhece o Monte das Tabocas como uma área subutilizada, que poderia ser lembrada não só no dia 3 de agosto, mas visitada durante todo o ano se houvesse a devida atenção. Em visita, o que encontramos foi algo longe disso: a mesma estrada esburacada de sempre, ausência de guias e historiadores que poderia contar a rica história local, e o que é mais lamentável: a ausência do povo vitoriense.
Assim que a tradicional missa foi encerrada, a maioria do público foi embora. Sobrou uma banda com alguns músicos e o Coletivo Galileia (muito bom por sinal), mas que pela falta de divulgação e organização tiveram que se apresentar para pouquíssimas pessoas.
A diminuição da visitação a cada ano pode ser sinal que a história está sendo aos poucos esquecida. Na verdade a única sinalização em manter viva a história da cidade é realizada pelo Instituto Histórico e Geográfico da Vitória que anualmente convida a sociedade pra relembrar a importância da luta entre flamengos (derrotados no confronto) e luso-brasileiros, formado por portugueses, índios e negros. Em contraponto a isso, vimos alguns milhões de reais sendo gastos no último São João em apenas 3 dias de festa, sem que houvesse uma sistematização que pudesse emplacar uma identidade turística própria, que fosse não pontual, mas que fosse realmente efetiva.
E é no sentido de provocação e cobranças por políticas públicas adequadas a resgatar e manter nossa identidade que seguiremos escutando in loco as pessoas, pois compreendemos que a luta por diversão e arte é tão urgente quanto qualquer outra luta.
Helder Sóstenes – Presidente
Cristiano Nascimento – Vice-presidente
Da mesma forma, ao visitar o Parque onde é realizada a exposição de animais, eu e um casal de amigos recifenses ficamos impressionados com o descaso com infraestrutura: o acesso ao Parque – que não por acaso leva um nome ilustre, de um “Lira” – é por barro batido, se chover, gera lama, como foi o caso do último sábado. Uma festa boa e alegre que, no entanto, deu uma dor de cabeça danada para chegar e sair! Sem falar que é muito difícil chegar lá sem automóvel…
Uma cidade sem cultura, não tem história.