A poucos dias de completar um ano do acidente aéreo que vitimou o ex-governador Eduardo Campos e mais seis pessoas, as investigações sobre a causa caminham para erro de projeto do modelo da aeronave Cessna. À Folha de Pernambuco, o irmão do ex-governador, o advogado Antônio Campos, revelou que há procedimentos em curso para uma ação contra a Cessna, pois a empresa já teria sido notificada pelas famílias do piloto e co-piloto, embora os advogados deles se neguem a comentar o assunto, bem como seus familiares. Há suspeitas de erro de projeto no modelo Cessna Citation, que em determinadas circunstâncias teria apresentado problemas em mais de uma situação, como descreve Antonio Campos na entrevista que pode ser lida na edição desta segunda-feira (3) da Folha.
O advogado Josemeyr Oliveira, representante das famílias de Marcos Martins e Geraldo Magela, respectivamente piloto e co-piloto da aeronave, afirmou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estão abrindo novas investigações sobre o equipamento do avião. Ainda segundo o advogado, os familiares aguardamos resultados.
Os parentes contrataram um perito para cuidar dos levantamentos do projeto da aeronave, a fim de verificar possíveis falhas. No entanto, o representante não quis tratar sobre a possibilidade de um processo contra a fabricante ou sobre as investigações. Oliveira é membro da Academia Brasileira de Direito Aeronáutico e já trabalhou em casos envolvendo acidentes com aeronaves da TAM e da Airfrance.
Antônio acredita que a causa do acidente que vitimou seu irmão foi um erro no projeto do estabilizador horizontal do avião. A falha teria colocado a aeronave em posição Nose Down (nariz para baixo), o que a teria feito se auto-comandar, levando-o a “mergulhar” bruscamente. O advogado relata que há precedentes de problemas idênticos em outras aeronaves da Cessna.
Segundo matérias publicadas na imprensa nacional, na época da tragédia, o risco da manobra é citado no manual do Cesnna Citation 560 XL. Nas instruções, haveria um alerta para a possibilidade de a aeronave ser puxada para baixo quando os flaps (dispositivo para dar sustentação ao avião em baixas altitudes) forem recolhidos em alta velocidade. O relatório da Força Aérea Brasileira sobre o acidente que vitimou Campos confirmou que a aeronave estava como trem de pouso e os flaps recolhidos no momento do acidente. Com o intuito de evitar a falha, a Cessna teria criado um dispositivo para impedir que o nariz do avião seja jogado para o solo quando estiver em velocidade alta.
Procurada pela reportagem, a Cessna Aircraft Company afirmou que trabalha junto às autoridades governamentais de aviação responsáveis por investigações relacionadas ao acidente e não comenta as investigações em andamento.
Além de Campos, do piloto e do co-piloto, morreram no acidente os fotógrafos Alexandre Severo e Marcelo Lyra, o jornalista Carlos Percol e o assessor Pedro Valadares.