Segundo IBGE, taxa de desocupação no segundo trimestre no ano chegou a 8,3%
A crise econômica está resistindo e, para sobreviver à realidade, boa parte das empresas anda desligando seus funcionários. Prova disso é a pesquisa elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada ontem: o desemprego, no Brasil, atingiu 8,3% no segundo trimestre deste ano, a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. Se a situação está complicada para o País, não seria diferente com Pernambuco. Apesar de ser a última das decisões, optar por esse caminho está cada vez mais frequente entre pequenas e grandes empresas do Estado.
Segundo a comerciante Josefa Galdino, que trabalha há mais de 30 anos no Centro do Recife, seu negócio segue diante de uma conta que não fecha: manter empregos, custos e faturar. “Para você ter ideia, compramos mercadoria e fica aí. Passa datas comemorativas e o estoque continua o mesmo. Não temos como ganhar dinheiro”, lamentou. Sem vender, as contas da empresária começaram a inflar e o corte nos custos, infelizmente, chegou. “A gente tinha duas funcionárias e a situação de pagamento ficou complicada, principalmente depois dos aumentos (de energia). O jeito foi demitir as meninas”, explicou.
Essa economia, de acordo com Josefa, é equivalente a feira da sua casa. Para o também comerciante Zeno do Nascimento, segurar as contas, depois das sucessivas quedas nas vendas, é uma tarefa difícil. Do ano passado pra cá, somente na loja dele, a retração na comercialização chegou a ser de 60%. Sem alternativa, ele precisou mudar os planos de negócio. Com duas lojas na área central do Recife, Nascimento fechou a maior delas, que ficava no bairro de São José. “Lá, era vendido tudo que fosse de papelaria, mas como a gente não estava tendo lucro, abrimos mão de dois funcionários e fechamos a unidade”, contou.
Na tentativa de resistir às dificuldades, o comerciante precisou remodelar o segundo ponto. “Aqui, vendemos caneta, garrafa, caderno, pois só assim para garantirmos o nosso sustento”, frisou. Engana-se quem pensa que essa situação só acomete os pequenos. Os empresários dos shoppings, no Grande Recife, também estão queixosos com relação aos efeitos da retração econômica. Em dois malls visitados pela reportagem, quatro lojas estavam fechadas e sem sinalização de reformas.
De acordo com o presidente da Associação Lojistas dos Shoppings de Pernambuco (Aloshop), Ricardo Galdino, a notícia desse revés chega por meio dos lojistas. “Eles falam de dificuldade e que, nos últimos meses, andam se agravando. Se continuar assim, a perspectiva é que essa conjuntura atinja, pelo menos, 20% do total de lojas do Estado”, alertou. Pernambuco conta com 2,6 mil estabelecimentos em shoppings e com mais de 26 mil pessoas empregadas nesses espaços.