Nascido no vale das águas, Vitória de Santo Antão ironicamente chegou perto de desaparecer sob elas. No próximo mês de julho completam-se 40 anos da maior tragédia natural da história da cidade: a cheia de 1975. Contudo, este não foi o único fenômeno que arrasou a cidade. Hoje, 02 de junho, completam-se dez anos da cheia de 2005, que ainda hoje está na lembrança de muitos vitorienses.
A famosa cheia de 2005 colocou Vitória de joelhos. Foram diversos bairros, como Centro e Cajá, atingidos pelo transbordamento do Rio Tapacurá, por conta das fortes chuvas. Os bairros que ficam às margens do curso-d’água – Jardim Ipiranga, Centro, Nossa Senhora do Amparo, Dr. Alvinho, Ferreiros, Cajá, Irã, Santana entre outros – foram os mais atingidos. Ruas inteiras ficaram embaixo d’água, houve desabamentos, milhares de flagelados, e o pior: vidas, de todas as classes sociais, foram prejudicadas.
Na área comercial do município, as águas destruíram os estoques de mercadorias das casas comerciais na sua totalidade e ou em até 50%. Na comunidade conhecida como “13”, grande parte das casas foram derrubadas pela fúria das águas. Abrigos foram montados em escolas municipais, aparando cerca mais de 900 pessoas. Pontes foram bloqueadas, como a do Galucho e da Pitú, e até danificadas, como a do bairro do Amparo.
Dez anos depois do acontecimento de 2005, as cenas no leito do rio voltam a chamar atenção. Apesar de novas moradias terem sidos entregues à população ribeirinha, muitas voltaram a reocupar a bacia do Tapacurá.
“Em contrapartida dos ocorridos em 1975, 2005, 2010 e 2011, não fizeram um plano de modernização para que a população e o rio Tapacurá viva em harmonia. Não existe uma limpeza de canaletas e bueiros em toda cidade nem a construção de um novo sistema de saneamento ambiental para sanar os alagamentos anuais no centro da cidade, as invasões as margens do rio só aumentam ao longo dos anos e sem falar de grande parcela do esgoto doméstico sendo direcionado ao leito do rio. Até quando? ”, questionou o geógrafo Walter Vieira, que acompanhou e registrou de perto a catástrofe há dez anos.
Amo esse blog de Vitoria de Santo Antão. Parabéns, estou aqui no Rio de Janeiro desde 1972, continuo amando minha Vitoria, obrigada.