Novo vírus pode estar causando doença semelhante à dengue, dizem pesquisadores

Zika vírus, nunca detectado no Brasil e na América Latina, foi descoberto na Bahia

Pacientes têm buscado unidades com manchas na pele. (Foto: Úrsula Freire/Arquivo Folha)

Pesquisadores do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia (ICS/UFBA) podem ter encontrado a resposta para os quadros de pacientes que têm apresentado manchas avermelhadas e outros sintomas semelhantes aos da dengue nos últimos meses. Trata-se do Zika vírus, que, conforme os especialistas, é comum na África e na Ásia, mas nunca tinha sido detectado na América Latina.

A descoberta, divulgada nesta quarta-feira (29), foi feita esta semana, através de exames de sangue de pacientes infectados no município baiano de Camaçari. O vírus foi encontrado em oito das 25 amostras testadas. Naquele estado, moradores de Salvador e de Feira de Santana estão entre os afetados pela doença “misteriosa”, que chegou a ser diagnosticada, quando os casos começaram a surgir, apenas como uma virose.

Em Pernambuco, embora haja pessoas com sintomas semelhantes, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que não existe nenhum caso. Esta semana, foi determinado que os pacientes que chegarem às unidades de saúde com manchas avermelhadas na pele tenham o quadro notificado como de suspeita de dengue. Ainda de acordo com a SES, os exames são encaminhados para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, para um reteste. Até agora, todos deram negativo para Zika. Os que apontaram alguma doença confirmaram a dengue.

Para o infectologista Vicente Vaz, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), a possibilidade de os casos atípicos registrados no Estado serem do Zika vírus está descartada. “Acho pouco provável. Não há histórico no País. Não há registros nas Américas. Se foi confirmado na Bahia, é o primeiro caso na América”, afirma.

Sintomas

Segundo o professor Gúbio Soares, da UFBA, o novo vírus é mais fraco, e os sintomas, mais brandos. Além das manchas avermelhadas, o paciente pode apresentar febre, dores e diarreia. Em alguns casos, também pode haver a ocorrência de conjuntivite. A descoberta ocorreu por meio de uma técnica chamada RT-PCR. “Zika vírus não é tão grave quanto dengue ou chikungunya e não leva o paciente à morte. O quadro parece alérgico e o tratamento é o mesmo”, explica Soares, que realizou o trabalho em parceria com a pesquisadora Silvia Sardi.

Para os especialistas baianos, a doença pode ter chegado ao Brasil durante a Copa do Mundo, em 2014, quando houve grande trânsito de estrangeiros. O Zika vírus é transmitido da mesma forma que a dengue e a chikungunya, ou seja, por meio do mosquito Aedes aegypti, além de outros insetos da mesma família. A descoberta contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

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