Estado tem 8 cidades em epidemia. Com aumento de 611,4% nas notificações.
Os 185 municípios do Estado têm notificações de dengue. Muito deles estão vivendo uma epidemia. Já são 8.492 casos em investigação e 1.366 confirmados neste ano. Isso em apenas dois meses e 15 dias. Essa é a situação de Pernambuco em relação à doença, segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Recife é o município com a maior incidência absoluta de episódios notificados, 3.486. Desse montante, 708 infecções foram confirmadas, o que representa um aumento e 611,4% em comparação com o mesmo período de 2014.
Para os infectologistas, esses números revelam que população e poder público se descuidaram. As pessoas deixaram de lado cuidados simples como evitar possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, como garrafas destampadas, pneus acumulando água e reservatórios sem tampas. Já os gestores, faltou investir em campanhas educativas.
“A população está deixando de cuidar da água parada e faltam campanhas educativas de prevenção. Houve uma explosão de registros. E os casos podem ser até maiores, pois os sintomas estão diferentes. A dengue vem se apresentando de outra forma, podendo ser apenas manchas no corpo, por exemplo. E acaba sendo subnotificada”, alertou o médico infectologista Moacir Jucá, do hospital Agamenon Magalhães, acrescentando que há uma nova forma do vírus.
Para o secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, o acréscimo de casos se deve, sobretudo, às chuvas. “Quando a gente sair desse período chuvoso, o número deve baixar. Enquanto isso é uma luta constante para tentar minimizar a situação”, explicou Correia. Embora também tenha detectado a forma mais leve da enfermidade no Recife, Correia alerta para as evoluções do quadro clínico. “Mesmo com sinais brandos deve-se procurar ajuda médica. Se depois da consulta, a pessoa apresentar dor abdominal, vômitos com sangramento, alteração do nível de consciência, sonolência, dor no corpo e dificuldade respiratória o quadro piorou e os cuidados devem ser maiores”, disse.
Na entrada do hospital Geral de Areias, o auxiliar de serviços gerais, João Paulo Maciel, 34, aguardava o atendimento da sua esposa. “Desde a quinta-feira ela está com dor nos olhos e no corpo, manchas na pele, como se estivesse intoxicada”, disse. No sábado ela havia estado no hospital e foi liberada pelo plantonista, que alegou se tratar de uma virose. “Hoje ela acordou pior. Na quarta-feira, eu havia trazido minha sogra, que está com dengue. Acho que não tem foco do mosquito em nossa casa”, acredita o morador do bairro de Areias.