Falhas além de um Carnaval

Nem tudo são flores. Nem tudo são carnavais. O município de Vitória de Santo Antão volta a registrar baixas em seu Carnaval. Por mais um ano o status de Melhor Carnaval do Interior de Pernambuco ficou longe do esperado. A falta de organização prévia ainda é a grande vilã dos festejos momescos da cidade.

Só no final de 2014, a prefeitura começou o planejamento do carnaval. Apesar das várias reuniões com carnavalescos e associações, muita coisa só ficou no papel. Melhor dizendo, no decreto.

Mais um ano a cidade só se vestiu para o carnaval faltando pouco menos de uma semana. A decorações da ruas e avenidas que participam dos circuitos carnavalescos contaram apenas com bandeirolas de TNT. E os homenageados? Nem sequer na Avenida Mariana Amália constava algo na decoração que remetesse memória aos homenageados da edição.

Soma-se ainda aos pontos baixos da festa a falta de iluminação, bloqueios das ruas e falta de sinalização dos banheiros químicos, que foram de poucas quantidades. Apesar da cidade respirar carnaval desde os primeiros dias do ano, a iluminação só foi instalada às vésperas da folia. Na semana pré, quando temos desfile de blocos que leva uma massa às ruas, a exemplo das Virgens, o circuito dos trios estava às escuras.

Durante o desfile da gigantesca Troça Carnavalesca ÉTesão e ÉTesuda, carros e motocicletas circulavam em meio à multidão, em frente ou atrás da agremiação. Ruas próximas a concentração só foram bloqueadas no momento da saída da troça. O resultado? Veículos em meio a folia.

Seguindo os erros da edição passada, a programação oficial da cidade só foi divulgada a poucos dias da abertura do carnaval. A divulgação nas vias de grande circulação, a exemplos da avenida Henrique de Holanda e BR 232, não existiu. Os shows dos polos secundários – Matriz e Distrito de Pirituba – não tiveram programação divulgada. No que resultou? Foliões desinformados.

O Polo Principal – em parceria com o Governo do Estado -, montado no Pátio de Eventos Otoni Rodrigues, foi novamente fracasso em público. O público mal passava pelo polo, devido a distância com o percurso das agremiações. Os comerciantes que investiram em vendas relataram prejuízo. Contudo, nem tudo foi falha no pátio de eventos. O local contou com monitoramento, via câmeras, 24h pela Polícia Militar. Garrafas de vidros eram recolhidas na entrada e eram substituídas por garrafas de plásticos.

Slogan dos festejos da cidade, as Alegorias continuam cada vez mais escassa. Com exceção do Clube A Zebra, que desfilou com duas alegorias. Clubes tradicionais como Camelo e Cisne se apresentaram timidamente com uma alegoria, ambas já conhecidas do carnaval passado. O incentivo à produção dos carros ainda é baixíssimo. E o Leão? O Clube mais antigo da cidade, com idade superior ao frevo, por mais um ano não rugiu. Em crise, o carnaval da bicharada está sem o rei da selva.

Os brincantes esperam agora ansiosamente o tão esperado São João. A torcida é por uma grande organização, a exemplo do ano passado. E claro, após passar o período junino, o foco deve voltar ao planejamento e ação do Carnaval de 2016. Que as falhas não voltem a se repetirem, pois por mais uma edição se ficou provado que elas podem ir além de um carnaval.