De 1º a 30 de janeiro, foram registrados 309 assassinatos no Estado, 60 a mais do que no mesmo período do ano passado.
Pela primeira vez desde que foi lançado, o programa Pacto pela Vida apresentou crescimento nos números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) em Pernambuco em um mês de janeiro em relação ao mesmo período do ano anterior. De 2007 a 2014, os índices de homicídios mantiveram-se em queda nos meses de janeiro, o que não ocorreu este ano, quando foram registrados 309 assassinatos no Estado, 60 a mais do que no ano passado, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), um aumento de 24,09%.
A situação, que já em dezembro se mostrava preocupante, quando o governo divulgou um aumento de 8,73% na taxa de homicídios em Pernambuco considerando o ano inteiro de 2014, parece ainda mais delicada neste momento. Os militares dizem estar desestimulados com seus salários e condições de trabalho e nem mesmo o anúncio de uma série de mudanças no pagamento das Gratificações do Pacto pela Vida (GPPVs), que agora serão calculadas pelo desempenho individual dos policiais, e a mudança do comando das polícias civil, militar e científica parecem incentivá-los.
“Como se não bastasse termos que tirar dinheiro do nosso próprio bolso para comprar coletes à prova de bala, armas e munição de boa qualidade, ainda temos que lidar com os baixos salários que recebemos. Os militares mais velhos ficam desmotivados e os mais novos, ao olharem para eles, também desanimam, pois veem que aquele é o futuro deles. Por isso não me surpreende esse crescimento nos índices de homicídios no Estado”, afirmou Alberisson Carlos, presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco.
No último dia 21, após assembleia que contou com a presença de mais de mil militares no Centro de Convenções, uma pauta de reivindicações da categoria foi entregue ao secretário de Administração do Estado, Milton Coelho. Nesta segunda-feira (2), o secretário reuniu-se com o titular da SDS, Alessandro Carvalho, e ambos definiram um anteprojeto que será apresentado na próxima quarta-feira (4) aos PMs. O documento foi criado com base nos pedidos dos policiais, mas o governo não apresentou maiores detalhes da proposta.
“Alguns dos pontos da nossa pauta são a revisão do nosso plano de cargos e carreiras e substituição do curso de formação de soldados por um curso de formação de praças a partir do próximo concurso público. Vamos aguardar agora para saber qual será a contraproposta do governo”, frisou Alberisson Carlos.