Pau Amarelo entrou na lista de áreas impróprias para banho junto com o Janga. (Foto: Clemilson Campos/Folha de Pernambuco). |
O forte calor do verão e as férias escolares contribuem para que as praias fiquem lotadas no mês de janeiro. Mas é preciso ter cuidado antes de cair na água, principalmente quando há riscos quase invisíveis, a exemplo da poluição. Pernambuco, que tem 47 ponos mapeados pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), até o último dia 2, apresentava 18 trechos de 13 praias impróprios para o banho. O município com mais constatações é Olinda, na Região Metropolitana do Recife.
De acordo com o relatório do Programa de Monitoramento da Qualidade das praias da CPRH, em Olinda não é recomendado tomar banho nas praias de Rio Doce próximo à foz do Rio Doce e da entrada do bairro de mesmo nome); Casa Caiada na altura do número 3861 e o Hospital Esperança); Bairo Novo (perto do antigo quartel e da Facottur); Farol; Carmo (por trás da agência os Correios). Também não é bom o mergulho em trechos de Jaguaribe (Itamaracá); Maria Farinha, Pau Amarelo e Janga (Paulista); Pina (Recife); Candeias (Jaboatão dos Guararapes); Barra de Sirinhaém (Sirinhaém); e São José da Coroa Grande.
Embora pareça complicado saber cientificamente se a praia escolhida para a recreação é própria ou não ao banho, às vezes dá para perceber a olho nu o perigo devido à quantidade de lixo depositado na água. “Eu sei que é um risco mergulhar aqui. Tem muita sujeira. Quando a maré estava baixa visualizamos até sofá. Apesar disso, aqui é o lugar mais perto para vir brincar com as crianças que estão de férias”, disse o vigilante Alexandre Cavalcanti, de 42. Ele levou as filhas e uma sobrinha para nadarem na praia de Rio Doce, em Olinda, nas proximidades da foz do Rio Doce.
Para quem pensa que é besteira mergulhar em praias contaminadas, o infectologista Luciano Arraes dá um alerta. “Dependendo do grau de poluição pode-se contrair diarreia aguda, problemas de pele e até hepatite C e A. A gravidade vai depender do volume de ingestão da água, se é uma pessoa com alteração de imunidade, se é criança ou idoso”, explicou o médico.
Por esses motivos, o vendedor Reginaldo Nascimento, 48, não coloca o pé no mar da praia do Carmo, por trás dos Correios de Olinda. “Aqui é muito sujo. O esgoto cai direto na maré. Só venho para aproveitar o vento e a cerveja”, disse. O relatório das praias impróprias para o banho começou a ser feito pela CPRH em 1974. Mas só em 2010 atingiu-se 47 pontos de análise em 11 municípios litorâneos do Estado. A seleção dos trechos analisados foi feita em função da frequência do público e do adensamento urbano próximo.
A classificação das águas está baseada na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelece as categorias imprópria ou própria para o banho, em áreas que podem ser consideradas como excelentes, muito boas e satisfatórias. O critério de enquadramento baseia-se nas concentrações de coliformes fecais ou totais, em um conjunto de cinco semanas consecutivas.
Banhistas devem ficar atentos
Recomendação do Corpo de Bombeiros é de que a água não passe da cintura. (Foto: Laila Santana/Folha de Pernambuco). |
Além da sujeira, os frequentadores das praias devem ficar atentos a outros detalhes. Segundo o coronel do Corpo de Bombeiros Valdy Oliveira, não é recomendado tomar banho em locais desconhecidos. O indicado nesses casos é pedir orientação a um salvavidas, que é a pessoa mais indicada, ou a quem mora na cidade. Receber essa dica é fundamental para não cair em um buraco, ser puxado por correntes marítimas e tornar-se vítima de um tubarão.
De acordo com Valdy Oliveira, na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, por exemplo, existem vários locais impróprios para o banho. “Há muitas valas e correnteza. Por isso recomendamos que a água não passe da cintura. Além disso, é importante que frequentem as áreas dos arrecifes, que formam uma barreira natural. Por elas não passam os tubarões. Em caso de dúvida, o banhista deve prestar atenção nas placas e pedir orientação aos bombeiros”, explicou.
Mas os cuidados não devem ser apenas dentro da água. Fora dela os pais devem ficar atentos com as crianças. “Quando um adulto sai com uma criança, ele tem que botar na cabeça que vai tomar conta dela. Então é melhor não beber. Além disso, é bom não tirar o olho delas. Mesmo assim, é recomendado colocar uma pulseira de identificação no braço dos pequenos, para que, em caso de desencontros, eles sejam devolvidos aos responsáveis. Indico ainda, na hipótese dos garotos mais velhos, que os pais marquem um ponto de encontro caso eles se percam”, recomendou o oficial do Corpo de Bombeiros.
Saiba mais
Avaliação – Para verificar as condições sanitárias da água são utilizadas bactérias do grupo coliforme, que atuam como indicadores de poluição fecal, pois ocorrem em grande número na flora intestinal humana e de animais de sangue quente. Neste grupo estão incluídos todos os bacilos aeróbios facultativos, gram-negativos, não esporulados, que fermentam a lactose com produção de gás dentro de 48 horas a 35°C. Sua presença na água indica contaminação fecal, com o risco potencial de presença de organismos patogênicos.