Pernambuco em alerta para evitar epidemia de chikungunya

Pernambuco está em alerta em relação à febre chikungunya. A doença preocupa a coordenação do programa de controle da Secretaria Estadual de Saúde, que trabalha com a possibilidade iminente de uma epidemia. Planos de contingência foram traçados e todo caso suspeito precisa ser notificado imediatamente. Até agora, quatro casos foram confirmados no estado, três no Recife e um em Petrolina, todos “importados” – as infecções ocorreram fora dos limites de Pernambuco.

A última confirmação ocorreu quarta-feira. Mas o avanço da doença é visto como inevitável. Para minimizá-lo, a população precisa ajudar, erradicando os focos do Aedes aegypti, mosquito que também transmite a dengue.

“Vai haver uma epidemia (em Pernambuco), não tem como prevenir. O que precisa é minimizar e, para isso, apelamos à população”, disse a coordenadora do Programa de Controle à Dengue e Chikungunya da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, Claudenice Pontes. No Brasil, quatro estados já vivem epidemias de chikungunya, incluindo um que faz divisa com Pernambuco – a Bahia, que registrou o maior número de casos autóctones (contraídos no próprio estado) confirmados até 15 de novembro, data do último registro contabilizado pelo Ministério da Saúde em boletim divulgado em 2 de dezembro. Foram 759. Amapá, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul completam integram a lista.

Também preocupam as chuvas, a rapidez com que o mosquito passa a transmitir o vírus após ser infectado, a grande carga viral que ele pode carregar (maior que nos casos de dengue) e a chegada do fim do ano, quando muitas prefeituras dão férias para os agentes que trabalham no controle das populações de Aedes aegypti e na assistência à saúde. E como a doença nunca havia sido registrada no país, praticamente toda a população, à exceção dos já infectados, está suscetível.

“No caso da dengue, o mosquito adquire o vírus e passa dez dias para se tornar transmissor. Na chikungunya, ele pode começar a transmitir 48 horas depois”, disse Claudenice Pontes. “Há impactos na saúde e econômicos, já que a pessoa terá que se afastar do trabalho”, completou.

São raros os registros de morte por chikungunya, mas as dores articulares, uma das principais características da enfermidade, podem durar meses ou até anos. Em alguns casos, se transformam em crônicas e incapacitantes.

Como o principal mosquito vetor no país é o mesmo que transmite a dengue, é preciso eliminar os focos (locais que podem acumular água) já conhecidos pela população, comentou a gerente geral de Políticas Estratégicas de Saúde do Recife, Zelma Pessoa. “Cerca de 90% dos focos estão no domicílio ou nos  arredores.”

Casal contraiu doença na Colômbia

“A situação até agora está sob controle. Os casos identificados estão sendo investigados em tempo hábil”, disse a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde da Prefeitura do Recife, Emília Carolle. Segundo ela, no Recife três casos foram descartados e outros três confirmados. Em dois deles, a infecção ocorreu na Colômbia – um casal de 25 e de 26 anos que passou duas semanas naquele país e retornou em 8 de novembro.

“Eu comecei com mancha no corpo. Depois, tive febre, dores nas articulações e dor de cabeça”, disse a garota, que reportou que amigos que fizeram lá, de outras nacionalidades, também se queixaram dos mesmos sintomas. O namorado apresentou os primeiros sinais no dia seguinte ao desembarque no Recife.

Ela, dois dias após a chegada. “Depois de uma semana de repouso, permaneceram as manchas e as dores nas articulações. Hoje ainda sinto dor nos pés, joelhos, cotovelos, nas mãos e também nas costas”, afirmou.

Monitoramento
A intensidade e o local de maior dor variam de acordo com o esforço físico. O namorado já não sente mais dores. Ela não sabia que havia risco de infecção na Colômbia, mas desconfiou de chikugunya quando começou a apresentar os sintomas.

Agentes da prefeitura estão em contato direto com o casal. “Foram ao meu trabalho para fazer o exame. Fizeram monitoramento do mosquito no trabalho, na casa da minha mãe e na da minha irmã, têm ligado, dado orientações como, por exemplo, para as pessoas ao redor usarem repelente, e têm estado disponíveis”, afirmou.

Diario de Pernambuco