Mercado foi testemunha de um período de muita prosperidade econômica e política da cidade e também de sua decadência.
Comemorando cento e um ano, o Mercado de Cereais de Vitória de Santo Antão está caindo aos pedaços. Já não existe comerciantes negociando no local, os arredores foram praticamente infestados de barracas e lojas ao longo dos anos e hoje é fácil passar pela Duque de Caxias e não se dar do mercado, que já foi o mais popular da cidade.
As feiras livres surgiram diante da necessidade da população em trocar os produtos que tinham em abundância por outros que lhe eram escassos. Mais tarde, com o crescimento das feiras, houve a necessidade de abrigar os produtos e comerciantes da chuva e do sol, surgiram assim os mercados públicos.
O primeiro mercado público de Vitória de Santo Antão surgiu em 1877 e não passava de um “telheiro que servia de abrigo provisório”, segundo José Aragão, autor da obra “História da Vitória de Santo Antão”. Depois de muitas críticas e subutilização do local, foi-se construindo muros com portões na Ribeira, como era conhecido popularmente.
Ao longo de anos, a população foi carecendo de um espaço maior e mais organizado, foi então que em 1912 o prefeito de posse do município, Eurico Nascimento Valois, construiu o Mercado de Cereais da Vitória de Santo Antão, num prédio onde antes funcionava a cadeia municipal. No dia 16 de Agosto de 1913, o prédio foi aberto ao público. Na gestão de José Aragão, o mercado ganhou uma reforma em sua arquitetura, que dura até hoje, salvo por pequenas manutenções de ordem estrutural. Quem olha de fora não imagina o peso histórico que o Mercado de Farinha tem na cidade.
Foto: Reprodução/Jornal A Verdade |
Em 1979, o mercado foi desativado e locado para uma rede de supermercados, com isso, foram surgindo os primeiros ambulantes ao redor. Pouco depois o mercado sofreu sua primeira descaracterização da arquitetura original. Foi necessário abrir mais dois portões laterais a fim de facilitar o acesso dos clientes à loja, levando os poucos comerciantes que haviam se instalado ao lado a migrarem para a frente do prédio.
No início, as barracas eram montadas apenas em dias de feiras, porém, ao poucos, o número de ambulantes foi aumentando e surgiram os primeiros boxes de alvenaria “aos pés” do mercado. A autorização foi feita pelo prefeito da época “de boca”. Nenhum deles possuem escrituras do, hoje, imóvel.
Em 1984, Elias Lira assume a prefeitura e não renova o contrato com a rede de supermercados a quem o prédio estava locado, foi então realizada uma reforma no mercado, segmentando-o em 98 boxes, que seriam doados aos feirantes da Praça Duque de Caxias e da Praça da Bandeira. O critério da distribuição foi por sorteio, mas com o passar dos anos o movimento de vendas foi caindo, levando os comerciantes a colocarem suas mercadorias no lado de fora onde ficariam mais à vista.
Hoje, já não existem mais comerciantes ativos no Mercado de Farinha. o cenário é de abandono, lixo, metralha e uma estrutura muito comprometida, é tudo que se vê no prédio que, atualmente, é utilizado apenas para estocagem de alguns produtos dos feirantes que se instalaram ao redor.
Foto: Reprodução/Jornal A Verdade |
Já aconteceram várias tentativas de reorganizar a feira livre, porém, por falta de um planejamento bem elaborado, e de ações que atendam a todos de forma socialmente justa, nada aconteceu até agora. Entre os comerciantes, a opinião é quase unanime: querem voltar para dentro do mercado. Conversando com alguns deles, percebemos que não há uma forte hesitação em deixar o local, mas caso haja uma estrutura adequada à disposição de todos não haverá problema.
Hoje, cerca de 3.200 famílias sobrevivem da feira, segundo o último censo, e de 8 a 10 mil pessoas trabalham de maneira formal e informal, portanto, uma retirada mal planejada poderia ser catastrófica, como foi o caso da transferência da Feira de Mangalhos para a CEAVI.
Até onde sabemos, não existe nenhum posicionamento público da gestão atual do município a respeito da feira livre ou do Mercado de Farinham antigos problemas do município.
seria uma excelente galeria com banheiros , com primeiro andar e ainda mais teriamos estacionamento, lanchonete. teriamos nossas ruas de volta !
Essa feira é uma metástase, como um câncer. As barracas são células que tendem a se espalhar na direção da praça e tomar todo o corpo da cidade. Eu sou do tempo que você podia bailar na Praça da Bandeira. Hoje, as ditas cujas avançam na direção da Praça Duque de Caxias. Não tem mais espaço para conversa fiada nem adiamento, é sentar e planejar. Loteamento de espaço público termina sendo devolvido ao povo, por bem ou por mal. Não podemos esperar por uma convulsão social.