Uma legião crescente de pessoas mortas e feridas sobre duas rodas. Levantamento do Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto em Pernambuco apontou que, no período de onze anos (2001/2012), os números somente fizeram aumentar. No período, 5.080 pessoas morreram em Pernambuco vitimadas por acidentes envolvendo motocicletas. O número de óbitos constatados em 2012 é o quíntuplo dos casos de 2001. O que chama mais a atenção dos membros do comitê é o número de feridos e sequelados em virtude desses eventos. O cálculo é tão objetivo quanto assustador: a cada óbito, são contabilizados cinco vezes mais feridos. Isso significa que, no período analisado, 25.400 pessoas resultaram com ferimentos. As sequelas, por sua vez, são marcas que ficarão para sempre em 11% desses sobreviventes, ou seja 2.794 pessoas. Em meio ao quadro pessimista, são as cinquentinhas quem mais preocupam.
Para o médico João Veiga, do Comitê, a situação pode ser caracterizada como uma tragédia. “O retrato é dramático não só para quem perde um parente ou para quem fica deficiente em virtude dos acidentes. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2011, o custo dos acidentes de trânsito com motos nas cidades brasileiras chegou a R$ 10,6 bilhões. Em Pernambuco, o cálculo chegou a R$ 800 milhões”, contabilizou Veiga.
Os valores envolvem os custos com internações hospitalares, resgate das vítimas, remoção dos veículos, danos ao mobiliário urbano e à sinalização de trânsito, atendimento policial e de agentes de trânsito. Na imensa lista de prejuízos para o estado, também entram os processos judiciais, pensões e benefícios, além das perdas sofridas por pessoas que precisam interromper temporariamente ou permanentemente suas atividades.
Outro cálculo do Comitê aponta que, do total de atendidos graves no Hospital da Restauração nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, quase a metade (47%) são acidentados de motos. Em segundo lugar estão os atropelamentos, seguidos dos eventos com armas de fogo, eventos com automóveis, com bicicletas e com arma branca. “São pacientes com alto custo, cujo investimento chega a até R$ 180 mil por internamento”, acrescentou Veiga.
Cinquentinhas
Na avaliação de Veiga, os casos envolvendo cinquentinhas preocupam porque não há controle da fiscalização por parte das prefeituras. “As ações da Operação Lei Seca e da Polícia Rodoviária Federal já combatem a condução desses veículos por menores de idade e sem capacete. As prefeituras ignoram e cada vez mais esses pacientes graves chegam às unidades hospitalares do estado”, destacou o médico. Ele calcula que 13% da frota de motocicletas em Pernambuco é formada por cinquentinhas. Já os acidentes envolvendo esse tipo de veículo são alarmantes: chegam a quase 20% do total. Por conta dos números, Veiga anunciou que as cinquentinhas serão alvo prioritário de abordagem do Comitê, através da Operação Lei Seca, na Região Metropolitana do Recife. O reforço acontecerá apesar da fiscalização ser atribuição das prefeituras.