Eduardo Campos: “rolezinho não é crime”

Eduardo e Dilma criticam repressão ao encontro de jovens nos shoppings. Tucanos defendem reação

Foto: Divulgação

O governador Eduardo Campos (PSB) saiu ontem em defesa dos “rolezinhos”, movimento que tem levado milhares de jovens da periferia aos shoppings centers do país e que foi alvo da repressão policial em São Paulo. A posição do socialista vai em sentido contrário à dos tucanos, que tentam atrair a sigla socialista para uma composição para reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB), no maior colégio eleitoral do Brasil. “É preciso verificar que onde teve esse tipo de atividade não houve nenhuma infração à lei, mas um posicionamento de jovens que cantavam música de protesto, firmavam valores que eles acreditam que devem estar presente na sociedade”, disse.

As declarações dadas pelo governador ocorreram logo após discurso no 3º Congresso Nacional da Juventude Camponesa, realizado no Recife pela Pastoral da Juventude Rural. Um dia antes, no mesmo evento, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, fez uso de um discurso também pró-manifestantes. A opinião de Carvalho segue na mesma linha das da presidente Dilma Rousseff (PT), que tem usado o tema para atacar os tucanos.

Durante o encontro com os camponeses, Campos afirmou que não há como fazer uma nação sem ouvir os jovens da periferia. Para o socialista, o assunto não deve ser visto apenas com um olhar de polícia. Na saída, o governador afirmou ainda que não se pode olhar com preconceito o movimento e que é preciso compreender o fenômeno para tratar o tema da maneira correta, sem preconceitos. Segundo o socialista, a repressão policial não deve ser usada, já que se trata de um protesto para firmar valores.

O PSDB paulista usou a repressão policial contra os “rolezinhos” e a Justiça de São Paulo concedeu liminares a lojistas de shoppings, amedrontados com o movimento. No Recife, jovens estão programando ações semelhantes para os dias 24, 25 e 26 deste mês. Três páginas no Facebook anunciam a chegada do movimento a Pernambuco. O maior deles está previsto para acontecer no dia 25, no Shopping Rio Mar, no Pina. No dia 26 a previsão é que o movimento se repita no Shopping Recife, em Boa Viagem. No Tacaruna, em Santo Amaro, o “rolezinho” é contra a homofobia e está agendado para o dia 24.

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“Se em algum desses episódios há depredação, violação dos direitos dos outros, passa a ser um problema de segurança. Mas se é um protesto político, é um protesto político, a exemplo dos que foram feitos em outros momentos do Brasil e nós participamos dele. É preciso compreender o fenômeno para tratá-lo de maneira correta e não preconceituosa”

– Eduardo Campos (PSB), governador e virtual candidato à Presidência

“Eu não tenho dúvida que isso está errado. Para mim é, no mínimo, inconstitucional. Qual o critério que você vai selecionar uma pessoa da outra? É a cor, é o tipo de roupa que veste? Tudo isso implica no preconceito, no pré-julgamento de uma pessoa e fere a Constituição e o Instituto da Criança e do Adolescente ao lazer”

– Gilberto Carvalho (PT), ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República

“Eu acredito que essa ainda não é uma questão de segurança, é uma questão que tem que ser tratada como fenômeno natural, como nós teremos outros ao longo do tempo”

– Aécio Neves (PSDB-MG), senador e virtual candidato à Presidência

“A parte interna dos shoppings é segurança privada e a parte externa é da polícia. Mas, se houver necessidade, a polícia é parceira para proteger a população”

– Geraldo Alckmin (PSDB-SP), governador de São Paulo e virtual candidato à reeleição


Diario de Pernambuco