Informação é referente ao Boletim Epidemiológico HIV/Aids do MS de 2012
“As pessoas custam a acreditar que não fiquei em choque ou impactado ao saber que estava com Aids. Já sofria o preconceito por ser gay assumido e para mim, que vi alguns amigos morrerem por causa dela, me senti como alvo de algo que estava por vir”, contou Roberto Brito, 50 anos, há 15 anos diagnosticado com o vírus. A luta pessoal para conduzir a vida tornou-se maior e o fez atuar em prol da causa coletiva fazendo-o tornar-se integrante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com Aids/HIV – Articulação Aids em Pernambuco. “O preconceito ainda é muito forte e faz com que as pessoas se sintam intimidadas a declarar que estão com HIV/Aids. A situação vai se tornando cada vez mais crítica ao se adentrar o interior do estado”.
Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde (MS) de 2012, Pernambuco ocupa o primeiro lugar dos estados do Nordeste no ranking de casos acumulados nestes últimos 32 anos. Foram notificados 21.443. O segundo lugar fica com a Bahia com 21.259. O que chama a atenção é que este estado possui o dobro da população pernambucana e ainda está atrás nas estatísticas. Para o coordenador do Programa de DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde, François Figueiroa, isso se explica pela cobertura realizada pela Vigilância Epidemiológica. “Conseguimos cobrir quase todo o Estado e isso faz com que tenhamos um número maior de casos notificados”, explicou. Está previsto para ser divulgado até hoje um boletim mais atualizado pelo MS.
“A Aids está estabilizada no país num patamar muito alto considerando os anos em que a gente vem disponibilizando remédios. Se estas pessoas estão com carga viral zerada por que essa epidemia não se estabiliza? Porque a gente não sabe exatamente o número de pessoas infectadas no país. Os dados que temos são números das pessoas que adoeceram e se registraram. É diferente de você ser soropositivo e pessoas com situação de Aids. A gente precisa melhorar o nosso sistema de notificação e realmente controlar a Aids no País“, alegou a coordenadora de Políticas Estratégicas da ONG Gestos, Alessandra Nilo. Tal instituição tem por objetivo defender os direitos humanos das pessoas soropositivas para o HIV e das populações vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis e ao vírus que provoca a Aids.