Conforme Datafolha, orientação de direita ou esquerda não pesaria no voto
Há, no Brasil, uma quantidade maior de eleitores identificados com valores de direita do que de esquerda. O primeiro grupo reúne 49% da população, enquanto os de esquerda são 30%. Isso, no entanto, produz pouco impacto nos índices de intenção de voto para presidente em 2014. Os dados são do Datafolha, que também investigou a inclinação ideológica do eleitorado.
De acordo com os dados do instituto, a presidente Dilma Rousseff (PT) tem praticamente o mesmo padrão de votação entre eleitores identificados com valores de direita, centro-direita, centro e centro-esquerda.
No cenário mais provável da disputa nas eleições de 2014, Dilma, que tentará a reeleição, tem 42% das intenções totais de voto, contra 21% do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e 15% do governador Eduardo Campos (PSB).
Da direita à centro-esquerda, as variações das intenções de voto em Dilma ocorrem sempre dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo a publicação, juntos, os eleitores identificados como de direita, centro-direita, centro e centro-esquerda representam 96% do eleitorado, conforme a escala de comportamento político elaborada pelo instituto.
Por outro lado, o único grupo no qual a votação de Dilma destoa é o dos brasileiros associados às ideias de esquerda. Ela atinge nesse universo 56%, que significa 14 pontos percentuais a mais que sua média geral.
Os dados mostram que o impacto disso nas intenções totais de voto na petista é pequeno, no entanto, pois os eleitores de esquerda foram o menor segmento identificado na escala ideológica do Datafolha – apenas 4% do total.
Ainda segundo a publicação, o maior grupo é formado por eleitores de centro-direita, que representam 38% de todo o eleitorado. Os de centro-esquerda somam 26%. Já os de centro reúne 22%. Os de direita são 11%.
O instituto fez 2.517 entrevistas em 154 municípios. Esta é a primeira vez que o Datafolha investiga a inclinação ideológica dos eleitores de todo o Brasil. As primeiras pesquisas do gênero feitas pelo instituto diziam respeito apenas aos eleitores do município de São Paulo.
É a primeira vez que os pesquisadores classificaram os entrevistados numa escala da esquerda à direita. Antes, a escala ia de extremo liberal (o que equivale a esquerda agora) a extremo conservador (direita).
A mudança, segundo a publicação, ocorreu para evitar confusão com o termo liberal. Antes, eleitores identificados com valores mais à esquerda em questões políticas e econômicas, como apoio à maior intervenção do Estado, acabavam sendo encaixados na segmento dos liberais, o que podia gerar estranheza.
Para identificar e fazer os agrupamentos ideológicos, o instituto faz um conjunto de perguntas envolvendo valores sociais, políticos e culturais. As questões com opiniões mais divididas foram a que tratava da hipótese de pena de morte e a que avaliava a importância dos sindicatos.