Apesar de garantia, retorno é pequeno e deve ser considerado a curto prazo. Média é de 5% ao ano, ante 6% da inflação
Quem tem dinheiro extra pode (e deve) pensar em fazê-lo render. Um primeiro passo é a boa (mas variável) e velha (mas recentemente modificada) caderneta de poupança. Sim, guardar um pouco do salário é um bom negócio para quem tem objetivos de curto prazo, como ter um carro ou viajar. O rendimento é baixo, mas a ideia de evitar juros de compras parceladas é sempre bem-vinda. Saiba, porém, que manter o dinheiro lá por muito tempo, hoje, é desvantajoso porque o rendimento da poupança – algo em torno dos 5% ao ano (a.a) ou 0,5% ao mês (a.m) – está abaixo da inflação (que passeia em 6% a.a).
O professor de Mercado de Capitais Antonio Henrique Batista explica que o rendimento da poupança varia de acordo com a taxa Selic. “Se ela estiver abaixo de 7,5%, o rendimento da poupança cai. Quando está acima, volta a ser um investimento viável”, resume. Outra vantagem da modalidade é a liquidez e a facilidade de aplicação, acessível a qualquer pessoa em qualquer banco. E embora não seja uma fonte de lucros altos, é um investimento de baixo risco, sem prejuízos. É sempre bom lembrar também que poupança requer disciplina, diz Batista, porque retirar o dinheiro depositado antes do aniversário faz o investidor perder o pequeno rendimento.
Apesar das reduções que o Conselho de Política Monetária (Copom) tem aplicado à Selic, que influenciam na vantagem da poupança, a captação (diferença entre depósitos e saques) bateu recorde em julho. Segundo o Banco Central, o resultado foi de R$ 9,33 bilhões, um recorde para o mês e no acumulado do ano, que bateu os R$ 37,6 bilhões. A referência é a série histórica iniciada em 1995. Com o ingresso de recursos em julho deste ano, junto com o rendimento creditado na conta dos poupadores, o volume total de recursos aplicados na caderneta de poupança atingiu R$ 550 bilhões no fim do mês passado.
Para médio e longo prazo, explica o professor, o ideal é ter um investimento cujo rendimento supere o índice da inflação. Fazendo uma lista de possibilidades, Batista cita letras de Crédito Imobiliário (LCI) e de Crédito de Agronegócio (LCA). Principalmente o LCI, ele diz, está valorizado por causa do mercado de imóveis, chegando a render até 8% a.a, além de ser acessível. “Os investimentos são a partir de R$ 200”.
Os mais experientes e que têm uma maior reserva para investir, podem optar pelo Tesouro Direto, fundos de índice de mercado ou pelas “temperamentais” ações. Estas, explica Batista, são bons negócios, mas dependem não só da variação demercado, mas de outros pontos como dividendos ou juros sobre capital próprio (da empresa a qual pertence a ação) e até questões sociais.
Saiba mais
Recuperação – Selic é uma taxa referencial de juros definida pelo Banco Central em reuniões periódicas. Na tentativa de recuperar a economia, o índice subiu três vezes seguidas e, hoje, está em 8,5%.
Folha PE