No dia de ontem (03) chegamos ao final dos programas eleitorais gratuitos televisivos dedicados aos prefeitos. Acompanhamos a exibição de praticamente todos. Estranhamente a programação “normal” da TV Vitória, levantou, também no dia de ontem, o tema Mercado de Farinha.
Muito bem, antes de Vitória ser elevada à categoria de cidade, em 06 de maio de 1843, o comercio local já era uma referência. Contam os livros da nossa história, que naquele tempo a maior dificuldade dos comerciantes e agricultores era com relação a falta de lugares cobertos, principalmente no período chuvoso, para comercializar seus produtos.
Sendo assim, a Câmara Municipal em 1865 inaugurou o Açougue Municipal, construção essa que teve seu centenário festejado em nossa cidade 1965.
Em 1912, por imperiosa necessidade o Prefeito Eurico Valois, resolveu tomar empréstimo ao Governo do Estado, em nome da municipalidade, para demolição de alguns prédios e posteriormente a construção do Mercado de Cereais, hoje conhecido como antigo Mercado de Farinha, que de maneira provisória, foi inaugurado em 16 de agosto de 1913.
O Prefeito Miguel Lagos deu continuidade a importante obra fazendo-lhe a bela fachada, que ainda ostenta, só vindo a ser totalmente concluído em 1943 na administração do PrefeitoJosé Aragão, recebendo uma nova cobertura e formosura no acabamento.
Meu pai, Zito Mariano, ocupou durante muito tempo, espaço (lado direito de quem entra pelo portão principal) comercializando farinha, oficio herdado do meu avô Zezé Mariano, oportunidade aliás, que me fez, quando criança, aprender a “costurar boca de saco de farinha”.
Na década de 1960 na administração de Prefeito Zé Augusto o Governo Federal construiu um outro mercado, na Praça da Bandeira, com vários boxes. Outros mercados também foram construídos, até porque nesse tempo não existiam os chamados supermercados e as feiras e mercados foram os únicos “pontos de encontros” para os que queriam vender com os que necessitava comprar.
Mercado da CIBRAZEM – Calçamento da Praça da Bandeira – 1961 – Hoje toda essa área é invadida ilegalmente por prédios do comercio informal. Foto: José Augusto Ferrer Sim, Sim – Pedro Ferrer.
Pois bem, o tempo passou e sem nenhuma justificativa plausível em 1978 o histórico prédio do Mercado de Farinha foi alugado por “quantia irrisória” a uma empresa do ramo de supermercado, chamada “BALAIO” pelo Prefeito Dr. Ivo Queiroz, sendo esse acontecimento o “ponto de partida” para a degradação efavelização do nosso centro comercial como diz uma matéria replicada no livro recém lançado que conta a história da cidade.
Dr. Ivo bateu o martelo: “Praça dará lugar a Shopping Popular. Os bancos de madeiras serão substituídos por compartimentos de ALVENARIA”.
O comercio de farinha foi transferido para um novo espaço localizado na Rua Primitivo de Miranda, que passou a ser chamado de “Novo Mercado de Farinha”. Apenas à título de curiosidade esse prédio veio a ser demolido na gestão doGoverno Que Faz, sob o comando do Prefeito José Aglailson, para dar lugar ao hipotético, Restaurante de R$ 1,00, coisa aliás, que não passou de mais “delírio administrativo”.
No final da década de 1980, mais precisamente em 1987, o histórico prédio do mercado voltou para as “mãos” da municipalidade, naquela ocasião sob o comando do Prefeito Elias Lira, que não atendeu aos apelos da sociedade lhe pedindo que surgisse no Histórico Prédio do Mercado, um ambiente sócio-cultural. De maneira unilateral Elias Lira acabou dando outro destino, destino esse, que levou a sua completa degradação.
Outros políticos locais, como Henrique Queiroz e José Aglailson, ambos deputados com nove e seis mandatos consecutivos, respectivamente, em nada usaram seus cargos para interferir no processo de “desidratação” do nosso centro comercial, José Aglailson aliás, foi prefeito por oito anos (2001 a 2008) e não moveu uma “palha” para mudar a situação, muito pelo contrário, deu mais “carga” na bagunça.
O tempo passou e hoje os profissionais da política de nossa cidade, herdeiros e descendentes do modelo de gestão que contempla, a risca, a famosa cartilha do atraso, implantada em nossa cidade pelo Coronel José Joaquim da Silva e aperfeiçoada pelo médico Ivo Queiroz, não disseram a população o porque de ter deixado a situação chegar ao ponto que chegou, muito menos pronunciaram o que vão fazer, caso eleitos mais uma vez, com a conhecida FAVELIZAÇÃO DO CENTRO COMERCIAL DA NOSSA CIDADE.
O debate político em Vitória chegou, acredito eu, ao nível mais baixo de sua história, onde os candidatos, nada de consistente dizem, conduzem as massas pelas ruas servindo apenas de “molduras” e “totalmente embriagadas” pelo desejo momentâneo de dançar, esperançosos por espaço no “campo” do poder, mas que após o “apito final” das urnas não terão o prazer de nem entrar nos estádios, porque a derrota chamada ilusão vão acordar-los para dizer que tudo foi apenas um sonho.
Sendo assim, o que foi construído com muita dificuldade e amor a causa pública, respeitando todos os princípios éticos, pelos prefeitos do passado, foram destruídos e desmontados pelos políticos contemporâneos. Essa é mais uma triste história que somos obrigados a narrar.
Do Blog do Pilako