MARIANA AMÁLIA DO REGO BARRETO, vitoriense era filha do Capitão Joaquim Pedro do Rego Barreto, sobrinha do tenente-coronel Manoel Joaquim do Rego e prima do Conde da Boa Vista.
Nasce em 17 de JANEIRO de 1846, é nome da nossa principal avenida. Mas afinal quem é essa mulher?
No ano de 1865 o Brasil se envolveu junto com a Argentina e Uruguai numa guerra contra o Paraguai. Fruto de uma invasão do Paraguai nas províncias brasileiras do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul, embora saibamos que essa guerra atendia aos interesses ingleses que viam o desenvolvimento do Paraguai no continente uma ameaça aos seus interesses.
O governo imperial brasileiro resolve em 07 de Janeiro de 1865, baixar um decreto n° 3.371, criando “CORPOS PARA O SERVIÇO DA GUERRA EM CIRCUNSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS”, com a denominação de “VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA”, compostos de todos os cidadãos maiores de 18 anos e menores de 50 anos, que “voluntariamente se quiserem alistar.
Ao lado podemos ver um oficial Brasileiro em 1868 (foto).
Em 08 de fevereiro daquele ano o DIÁRIO DE PERNAMBUCO publica o acima citado decreto para toda província pernambucana.
Em Vitória de Santo Antão foi nomeada a comissão responsável pelos voluntários era composta do Ten.Cel. Pedro Bezerro Pereira de Araújo Beltrão, do Major Manoel Cavalcanti de Albuquerque Sá (Major Lins) e do Capitão Aristides Carneiro da Cunha Albuquerque.
Imperador D.Pedro II, em Uruguaiana na província do Rio Grande do Sul em 1865 (foto).
Dentre os jovens voluntários da pátria vitoriense surgiu uma jovem de 19 anos, MARIANA AMÁLIA DO REGO BARRETO, inflamada de verdadeiro espírito patriótico, se ofereceu ao governo imperial para servir no campo de luta e conclamou os seus conterrâneos a imitar o seu gesto.
Eis como, no livro “PERNAMBUCANAS ILUSTRES”, publicado em 1879, o Dr. Henrique Capitulino se refere ao assunto:
Fardamento de 1ª Cadete de Mariana Amália(pintura ao lado).
“ No dia 12 de setembro de 1865, apresentou-se perante o Snr.Sidrônio Joaquim do Rego Barreto, oferecendo-se como voluntário, com dois irmãos e uma irmã de 18 anos de idade Mariana Amália, que se prestava a ir mitigar as dores dos nossos guerreiros feridos, servindo-lhes de enfermeira nos hospitais e no campo de batalha. S.Excia., louvando uma ação tão nobre, aceitou os oferecimentos e permitiu à jovem pernambucana usar o uniforme militar e as insígnias de 1ª Cadete.
O seu gesto fez com que muitos outros se alistassem formando o 5° batalhão de voluntários desta província.
No dia de sua retirada da cidade de Vitória, a jovem Mariana Amália, vestida com saiote amarelo bordado de verde, e tendo no braço a estrela de 1 cadete, postou-se à frente de seus conterrâneos, pronunciando a seguinte alocução, que foi publicada no “DIÁRIO DE PERNAMBUCO” de 12 de outubro de 1865:
“BRIOSA CORPORAÇÃO DA GUARDA NACIONAL, BRAVOS VITORIENSES, VOU PARTIR PARA A GUERRA.
O BRADO DA PÁTRIA, TÃO ULTRAJADA, ECOOU EM MEU PEITO.
AS ATROCIDADES PRATICADAS PELO MAIS REQUINTADO CANIBALISMO QUE O MUNDO JÁ VIU, TRANSPÔS-SE AO NATURAL ACANHAMENTO DO MEU SEXO, E ME APRESENTEI-VOLUNTÁRIA DA PÁTRIA-PARA NO CAMPO DA HONRA DEBELAR ESSAS HORDAS DE INFAMES PARAGUAIOS, QUE TÃO OUSADAMENTE PROFANARAM O SOLO BRASILEIRO, MANCHANDO O BRILHO DE DUAS FULGURANTES ESTRELAS DO IMPÉRIO DA SANTA CRUZ, NOSSA CARA PÁTRIA.(…..)
(……) “ADEUS, ADEUS, VITORIENSES! ESPERO QUE NÃO SEREI ESQUECIDA DE VÓS, E VOS PEÇO QUE POR ESTA ÚLTIMA VEZ ENTOEIS COMIGO:
“ VIVA A RELIGIÃO CATÓLICA ROMANA!
VIVA S. M. O IMPERADOR!
VIVA O EXMO. SNR. PRESIDENTE DA PROVÍNCIA!
VIVA OS PERNAMBUCANOS, AMANTES DA PÁTRIA.”
Última foto de Francisco Solano López ditador paraguaio em 1870 (foto ao lado).
No dia 13 de outubro de 1865 Mariana Amália, foi homenageada no teatro Santa Isabel foi saudada por um grande público e ao lado do presidente da província assistiu um grande espetáculo de poesias e a ela foi ofertado um belo ramalhete de cravos.
Infelizmente não se sabe o que ocorreu com nossa ilustre,a não ser que a mesma fixou residência em JABOATÃO DOS GUARARAPES, mais fica o exemplo de uma grande destemida mulher para toda a municipalidade.
Já quanto ao seu irmão SIDRÔNIO JOAQUIM DO REGO BARRETO,musicista de primeira ordem, veterano da guerra do Paraguai, regeu a QUARTOZE TIJELAS, assim publicava o” VICTORIENSE” de 20 de novembro de 1869:
” SIDRÔNIO JOAQUIM DO REGO BARRETO, tendo chegado recentemente a esta cidade e firmado residência na rua da Imperatriz, oferece-se para lecionar música em sua própria casa em domicílio”.
Oficial e soldado do império do Brasil (foto ao lado).
Bem a nossa conterrânea é uma ilustre desconhecida para a geração de hoje, além da avenida que tem inclusive o seu busto já bastante degradado há também uma escola municipal. Faço esse pequeno registro que esse mês de janeiro ninguém da municipalidade (governo e centros culturais) lembrou dessa importante data os 165 anos de nascimento da briosa MARIANA AMÁLIA.
O polêmico Conde D’Eu um dos marechais da guerra e marido da princesa Isabel(foto ao lado).
TEXTO ABAIXO DO BLOG POLÍTICA VITORIENSE
“Foi exposto o Busto de Mariana Amália no dia 29 de novembro de 2007 na Avenida que leva o seu nome, a central da cidade, ficando situada defronte a Loja Ferreira Color de um lado e de outro da Farmácia Sto. Antão. O busto foi idealizado pelo Fundador da Academia Vitoriense de Letras (AVL) – o Sr. Melquesedek, representando uma homenagem muita justa.
Vitória formou entre seus filhos grandes heróis, sinalizando que agora seria necessário formar uma heroína, desencadeada a Guerra do Paraguai, apresentou na praça pública da Matriz de Santo Antão, uma linda jovem ungida de brasilidade, que foi a Mariana Amália do Rego Barreto, e com ela os seus soldados que se incorporaram ao 5º Batalhão dos Voluntários da Pátria, esta filha vitoriense fez-se representar tão bem em terras paraguaias que até hoje é marco histórico” (Retirado de: Blog da política Vitoriense).
Fonte: ARAGÃO, José.História da Vitória de Santo Antão.
Biblioteca pernambucana de história municipal.
Recife,1983