Engenho Galilélia e as Ligas Camponesas

Em meados da década de 1950, em Galiléia viviam cerca de 140 famílias de trabalhadores rurais vivendo da agricultura de subsistência.

Para viverem no local, os trabalhadores pagavam foro, cujo aumento do valor passou a colocar os foreiros (trabalhadores) em situação de incapacidade de saldá-lo.  Diante da situação de penúria de seus trabalhadores, no engenho, em 1955, foi fundada a Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco – primeiramente conhecida como Sociedade Beneficente dos Defuntos – com fins de assistência mútua, como a formação de um fundo mútuo para assistência médica e jurídica, criação de escolas e de um caixa funerário para os associados  -, para a presidência da qual o próprio dono do engenho, Oscar Beltrão, foi convidado (numa atitude que não se sabe exatamente de afronta ou de solidariedade). 

Mais tarde, a situação se configuraria conflituosa, sendo que o filho de Oscar Beltrão, no intuito de debelar a organização da SAPPP e de tomar as terras do engenho para a criação de gado, expressou sua atitude de expulsar os foreiros. Estes, ao saberem da expulsão lutam pelo direito à terra em que residem e da qual tiram seu sustento. Na sua luta, angariam o apoio de parlamentares e advogados, como é o caso do deputado Francisco Julião.

Em 1959 os trabalhadores conseguiram a desapropriação do engenho de seu dono, no governo de Cid Sampaio, mediante a realização de concentração de camponeses na cidade de Recife para pressionar os deputados e o governador a assinarem o projeto. O caso do Galiléia seria um piloto para política agrícola da Secretaria de Agricultura do governo Cid Sampaio: as terras do engenho seriam divididas entre quarenta e sete famílias das que ali moravam e as restantes seriam remanejadas para outras terras. Era uma política de colonização, pra a qual foi criada a Companhia de Revenda e Colonização (CRC). Os moradores do Galiléia, então, iniciaram sua luta contra a iniciativa do governo de controlar as novas terras desapropriadas. Em 1964, o engenho serviu de locação para a filmagem de um documentário produzido pelo Centro Popular de Cultura do Rio de Janeiro. O filme tratava sobre a vida de João Pedro Teixeira, fundador da Liga Camponesa de Sapé da Paraíba. Foi escolhido pela semelhança entre o que foi a Liga de Sapé e a SAPPP. Quando do advento do golpe militar, foram repreendidos no Galiléia os moradores do engenho e os produtores do filme, sendo todo o material de filmagem apreendido.
Francisco Julião com camponeses, na desapropriação do Engenho Galiléia, em 1959.
(Diario de Pernambuco)
Fonte: Wikipédia
Imagens do Blog Jones e Trilhas