Clínica melhora qualidade de vida de adultos

Maria José Ferreira teve que amputar a perna direita e a filha Silvana Maria acompanha a mãe durante o tratamento na AACD.  Foto: Carolina Braga/Esp.DP/D.A Press (Carolina Braga/Esp.DP/D.A Press)
Todas as manhãs, Maria José Ferreira do Nascimento, 72 anos, acorda, lava a louça, limpa toda a casa e vai costurar. A diferença é que a aposentada faz tudo isso sentada em uma cadeira de rodas. Há dois anos, ela precisou amputar a perna direita. Moradora de Vitória de Santo Antão, ela vem ao Recife toda terça-feira para fazer tratamento na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Desde 2003, a instituição também faz reabilitação em adultos amputados. A partir de hoje será dado outro passo no cuidado dos adultos. A AACD passará a atender portadores de lesões medulares, lesões encefálicas adquiridas e doenças neuromusculares, ou seja, deficiências físicas provocadas por questões externas, como acidentes de trânsito e diabetes.


A aposentada precisou amputar a perna por conta de problemas de circulação. Para ela, a cirurgia foi quase um renascimento. “Eu sentia muita dor. Minha qualidade de vida aumentou muito, mesmo com uma perna a menos”, disse. Ela confessa que às vezes discute com seu casal de filhos. “Minha filha quer lavar minhas roupas, mas eu consigo fazer sozinha. Não sei nem o que significa preguiça”, afirma. A simpática senhora, que ainda está esperando pela prótese, não vê a hora do início dos novos atendimentos. “Terei mais amigos para fazer”, sentencia. Com a clínica para adultos, o aumento esperado no número de pacientes é de 350 por mês, com cerca de 900 atendimentos.


Hoje, a AACD conta com 2,6 mil pacientes ativos, incluindo dois mil adultos. A nova clínica funcionará no espaço físico já existente. A mudança será nos horários. As crianças passarão a ser atendidas apenas pela manhã e os adultos à tarde. Para isso, haverá um acréscimo no quadro de funcionários, com a contratação de neurologistas e cardiologistas, além de psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. “Os novos pacientes deverão ter mais de 17 anos. Inicialmente, trataremos apenas as pessoas com até dois anos de lesão, pois essa é a fase mais necessária”, afirmou a gerente médica da AACD, a neuropediatra Vanessa Van Der Linden.


O governador Eduardo Campos e o secretário estadual da Saúde, Antônio Carlos Figueira, foram à AACD nesta terça-feira para assinar o convênio do governo do estado pela manutenção e instalação da clínica destinada a adultos. “Esse projeto é de extrema importância, já que será a única clínica gratuita para portadores de lesões medulares do estado”, disse o secretário. A instituição é filantrópica e tem investimentos do Sistema Único de Saúde, de emendas parlamentares e da venda de produtos com a sua logomarca.

Do Diario de PE