Eduardo amplia poder no Estado

Eduardo Campos sai como o grande vitorioso desta eleição. Foto: Hélder Tavares/DP/D.A Press
Resultado Fortalece governador para eleições presidenciais de 2014

O governador Eduardo Campos sai como o grande vitorioso desta eleição. Para alguém que tem pretensões nacionais, como ele, era importante ter em Pernambuco uma vitória que não deixasse margem a dúvidas sobre sua liderança. Isso aconteceu: ele ganhou no Recife, em primeiro turno, com um candidato do PSB, e em cerca de 80% dos municípios pernambucanos – aí com candidatos do PSB ou da base aliada. O PSB agora está à frente do governo estadual e da principal prefeitura do Estado. 


Na capital pernambucana, o maior derrotado foi o PT. Depois de passar 12 anos na Prefeitura, terá de entregar o poder ao antigo aliado, o PSB. É o epílogo de uma crise que começou na gestão do prefeito João da Costa e culminou na escolha do candidato. O PT sai da eleição com razões para estar amargurado: pela derrota em si e pela forma como ela se deu. O partido foi isolado na disputa e não pôde contar com Lula, seu principal cabo eleitoral – dada a aliança nacional PSB e PT, o ex-presidente evitou participar diretamente da campanha no Recife, limitando-se a gravar depoimentos para a TV.


Ao lançar candidato próprio a prefeito do Recife, o governador fez um lance arriscado, que na prática representou o rompimento com o PT estadual – e uma rearrumação de forças no plano estadual. Gerou arestas com o PT nacional, sufocadas em nome dos interesses nacionais dos dois partidos. Mas uma vitória no Recife representaria o controle das duas principais esferas de poder no Estado: a do governo estadual e da Prefeitura da capital. O governador pagou pra ver – e, pelo menos numa observação de curto prazo, ganhou o que apostou.


Houve municípios, porém, em que o governador empenhou-se pessoalmente, foi lá fazer comícios, mas seus candidatos acabaram derrotados. É o caso de Petrolina – onde o governador esteve três vezes – e de Vitória de Santo Antão, Sertânia e Serra Talhada (esta, para o PT). Em Petrolina quem ganhou foi Júlio Lóssio, do PMDB, superando o candidato do PSB, Fernando, que é filho do ministro Fernando Bezerra (Integração). Em compensação, os candidatos governistas venceram em grandes municípios como Garanhuns  Caruaru e Olinda.    Estas eleições também provocam mudanças na oposição. A adesão de Jarbas Vasconcelos (PMDB) ao governo, a quase extinção do DEM e a votação do tucano Daniel Coelho no Recife dão ao PSDB a hegemonia da liderança oposicionista. Numericamente, no entanto, a oposição encolheu. 


Resta ver como ficará a relação do PSB com o PT estadual. Os petistas reagem a Jarbas Vasconcelos (que é um dos principais adversários do governo petista) e durante a campanha Humberto Costa afirmou que mesmo passadas as eleições iria manter a discussão sobre as mudanças na Compesa – que para o petista implica em privatização, fato negado pelo governo. Pode ser que as divergências fiquem restritas à campanha, e não sobrevivam ao período pós-eleitoral, mas é preciso esperar para ver que desdobramento terá o embate PSB-PT estadual.
Do Diario de Pernambuco