Prefeitura de Vitória de Santo Antão diz que quer manter zoológico

Local foi fechado por falta de condições adequadas de funcionamento. MPPE afirma que pode entrar com Ação Civil Pública contra o governo.

A Prefeitura de Vitória de Santo Antão descumpriu o prazo dado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para se pronunciar oficialmente sobre o destino dos animais do Zoológico Melo Verçosa. A data final era até a sexta-feira (19) passada. O local foi interditado a pedido do MPPE, no último dia 4 de setembro, por falta de condições adequadas de funcionamento. O secretário de Meio Ambiente da cidade informou, nesta segunda (22), que a prefeitura não pretende se desfazer do zoo.

Em reunião realizada no dia 9 deste mês, o MPPE acordou com a Prefeitura de Vitória o custeio de todas as despesas do leão Ageu e do urso Bruno, que estão velhos e doentes. Ficou acertado que o governo municipal pagaria R$ 4 mil por mês, durante dois anos, ao Rancho Gnomos, que fica em São Paulo e se dispôs em receber os bichos. Em contrapartida, o Rancho Gnomos se responsabilizaria pelo deslocamento aéreo, acompanhamento veterinário e construção de locais adequados para os animais.


Quanto aos outros animais, a prefeitura ficou de arcar com as despesas de locomoção tanto para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) quanto para o Horto de Dois Irmãos, no Recife. No entanto, até o final da tarde desta segunda-feira (22), o Ministério Público afirmou que a prefeitura não se posicionou oficialmente sobre o acordo.


A promotora de Justiça responsável pelo caso, Vera Rejane Mendonça, informou ao G1 que não vai abrir mão das prorrogativas legais e do ajuizamento de Ação Civil Pública  e, se for o caso, fará uma representação ao procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon.


“A representação é contra a prefeitura por crimes ambientais e só o procurador-geral pode denunciar, já que o prefeito tem foro privilegiado. A Ação Civil Pública é para forçar a prefeitura a arcar com o custo de manutenção do leão e do urso pelo Rancho [Gnomos]. O zoológico, que já está interditado, tem que ser fechado, não tem condições de funcionar”, disse.


Procurado pelo G1, o secretário de Meio Ambiente de Vitória de Santo Antão, Severino Roberto, informou que a prefeitura formou uma comissão para cuidar do caso e que este grupo tem uma reunião marcada com a promotora Vera Rejane Mendonça na próxima quarta-feira (24). “A gente não quer se desfazer do zoológico, vamos lutar para ficar com os animais”, falou o secretário.

Interdição do zoo
A interdição do MPPE foi por falta de condições do local, que teria jaulas de tamanho insuficiente para os animais e não apresentaria segurança nem para as pessoas nem para os animais que estavam lá. Um inquérito policial está instaurado na Delegacia de Vitória. Até o momento,  ninguém deve responder criminalmente pelo caso.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Vitória, a estrutura do zoológico é de 1950 e não atende mais à atual legislação do Ibama, que é de 2008. O órgão ainda afirmou que não havia maus-tratos aos bichos e que a prefeitura estaria negociando a construção de um novo zoológico.


O Ibama já emitiu ofício informando que pode receber 51 espécies silvestres, como as jandaias, jiboias e jacarés. Outros 18 animais serão enviados ao Parque Zoobotânico de Dois Irmãos, no Recife. Devem ser encaminhados ao Ibama cutias (3), tatus (2), juritis (2), carcarás (4), gaviões-carijós (3), coruja murucututu, asas-brancas (3), araçari, jandaias (2), galo-de-campina, azulão, sanhaço (2), cancão (3), aracuã (3), seriema, jacupemba, pomba-galega, papa-arroz (2), burguesa, jacaré-do-papo-amarelo, jacaré, jiboia (3), salamanta (3) e jabuti (05). Já ao Dois Irmãos vão lhama, anta, capivaras (3), porcos do mato (3), avestruzes (2), arara (2), pavões (2), seriema, jacupemba, urubu-rei e papagaio festivo
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Do G1 PE