As grandes empresas do segmento de louças sanitárias esperam melhora da construção civil, retomada do consumo e ambiente econômico mais estável para crescer em 2019, após enfrentar pressão das margens no ano passado.
“Esperamos um ano melhor que 2018, que já foi positivo. Tivemos 10% de crescimento do faturamento e esperamos um pouco mais do que isso em 2019”, afirma o presidente da Roca Brasil, Pau Abelló.
O executivo avalia que o avanço da renda e a demanda pendente por habitação devem impulsionar o setor. “Nossa expectativa de crescimento está fundamentada na recuperação do consumo e da construção de empreendimentos”, complementa.
A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) estima crescimento de 2% do faturamento do setor em 2019. De acordo com relatório da entidade em fevereiro, a expectativa é de otimismo moderado, “com o setor contribuindo na geração de empregos e atração de investimentos.” No segmento de acabamento, o faturamento registrou variação negativa de 0,2% no ano.
Abelló conta que parte desse otimismo é motivada pela renovação do ambiente político. “O novo governo traz uma expectativa melhor, embora ainda não tenhamos visto nada de concreto em termos de mudanças.”
Ele explica que no ano passado, a desvalorização do real ante o dólar impactou nos insumos importados. “O produto ficou mais caro no Brasil e não repassamos ao cliente, porque o mercado estava fraco e, a inflação, baixa. Assim, tivemos que absorver mais custos.”
O executivo assinala que em fevereiro, a empresa realizou um reajuste de 6%. “Também sofremos pressão pelo aumento do frete. Não havia mais como segurar”, relata.
Em 2019, a empresa espera mais estabilidade da moeda. “Acreditamos em um ano mais tranquilo e na recuperação das margens que perdemos no ano passado.” Em novembro, a Roca Brasil inaugurou sua primeira fábrica de assentos sanitários no País, em Jundiaí (SP), e planeja investir nesse ano na maior parte de seus departamentos, que incluem oito operações fabris. A companhia possui parques industriais em Jundiaí, Santa Luzia (MG), Serra (ES), Vitória de Santo Antão (PE) e Recife (PE).Custos
O diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Duratex, Carlos Henrique Haddad, declara que a empresa está trabalhando com otimismo cauteloso para crescer. “Queremos aproveitar eventuais oportunidades, mas sem avançar o sinal, buscando controlar custos e aproximação com os clientes.”
A companhia, proprietária da marca Deca, também projeta um ano mais estável em 2019. “Após alguns anos de queda, o setor começou a mostrar crescimento, quebrando a tendência de baixa em 2018”, aponta Haddad. Ele destaca que muitas commodities utilizadas na produção da empresa foram afetadas pelo câmbio. “De forma direta ou não, fomos impactados pelo custo. Esperamos menos volatilidade esse ano.”
Em seu relatório de resultado anual, a Duratex detalha que 2018 foi um ano desafiador para a Deca por pressões em custos de insumos, depreciação cambial e produtividade. Haddad explica que a empresa passou por um movimento de maior produtividade, para produzir mais volume por menos custo. A empresa possui unidades fabris em São Paulo (SP), Jundiaí (SP), São Leopoldo (RS), Recife (PE), Queimados (RJ) e João Pessoa (PB).
Haddad reforça a ideia que ainda faltam medidas concretas para justificar o atual otimismo em relação a crescimento econômico. “Há muita vontade de que isso aconteça, mas é necessário um fato consolidado para entrar em um ciclo virtuoso.” O executivo relembra que, nos últimos dois anos, a expectativa era positiva. “Até que a instabilidade veio em maio. Em 2017, após a divulgação do áudio do [ex-presidente Michel] Temer e em 2018 por causa da greve dos caminhoneiros.”
Com informações do DCI