A bancada eleita para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesse domingo (7), apresenta um percentual de 51,02% de renovação em relação à bancada atual. Isso significa que serão 25 novos parlamentares do total de 49 que compõem a Casa. Mas tal índice, maior em relação à eleição de 2014, quando foram 21 parlamentares novos, também está associado à perpetuação de grupos familiares no poder.
Entre os novos nomes da Alepe, pelo menos 13 deles têm vínculo familiar com algum político do Estado, à exemplo de Aglaison Victor (PSB), filho do prefeito de Vitória, Aglaison Júnior (PSB), e de Fabíola Cabral (PP), filha do prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (PSB). Esse laço nem sempre é de sangue, mas sim matrimonial, como é o caso de Alessandra Vieira (PSDB), esposa do ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe Edson Vieira (PSDB) e Dulcicleide Amorim (PT), esposa do deputado estadual Odacy Amorim (PT), que disputou um mandato na Câmara dos Deputados, mas não conseguiu se eleger.
Houve casos de renovação em relação à legislação anterior, mas de nomes que já estiveram na Alepe, como João Paulo (PT), Zé Queiroz (PDT) e Manoel Ferreira (PSC). Esse último voltou para política e garantiu um representante da Família Ferreira na Casa com a saída do seu filho, André Ferreira (PSC), eleito deputado federal.
O professor de ciência política e autor do livro “A Primazia dos Clãs: A família na política nordestina”, Vanuccio Pimentel, nomeia tal fenômeno. “São organizações familiares que se estruturam dentro de um sistema político para garantir espaço, onde o objetivo é garantir espaço político que mantenha a sobrevivência desse grupo familiar. Então, isso é o caso de Fabíola, dos Ferreira, dos Magalhães, do Silvio Costa e dos filhos”, explica. João Paulo Costa (Avante), filho de Silvio, foi eleito deputado estadual, enquanto seu irmão, Silvio Costa Filho, vai para a Câmara dos Deputados.
Entre os que não conseguiram se reeleger, estão deputados com um grande histórico na Casa, como Marcantônio Dourado (PSB), que estava no seu oitavo mandato, e Augusto César, com mais de cinco passagens pela Casa.
Presidente
A maior bancada na configuração atual é a do PP, com 14 deputados. Mas a partir da eleição ela desidratou e se tornou a segunda maior, atrás do PSB, que agora terá 11 deputados. Isso terá um peso para a eleição do novo presidente da Alepe, atualmente sob o comando de Eriberto Medeiros (PP). “É mais provável que o PSB tenha mais força. O lastro de candidatos que elegeram Paulo Câmara vão se unir nessas questões e irão decidir entre um aliado muito forte ou alguém do próprio PSB”, diz o cientista político Ernani Carvalho.
A bancada de oposição escolherá um novo representante para a próxima legislatura. “Caberá aos novos deputados da oposição fazerem uma reflexão de qual é o melhor nome, que pode aglutinar mais, é isso que está se desenhando”, explicou Silvio Costa Filho, atual líder. Priscila Krause (DEM) e Álvaro Porto (PTB) são nomes cogitados para assumir a liderança da bancada.
Outra questão é o fato da bancada feminina ter quase dobrado de tamanho em relação a eleição anterior, de seis para dez. Trata-se da maior bancada feminina da Alepe, que chegou a ter nove parlamentares mulheres na legislatura de 2003 a 2006. Além de Gleide Ângelo (PSB), que teve a maior votação da história, e do Juntas (PSOL), mandato de coparticipação entre cinco mulheres, foram reeleitas Priscila Krause (DEM), Simone Santana (PSB), Roberta Arraes (PP) e Teresa Leitão (PT).
JC Online