Inventário contra efeito estufa em Pernambuco

Um levantamento para estimar o quantitativo de gás carbônico ainda estocado na biomassa florestal de Pernambuco será feito por meio de um novo Inventário Florestal Nacional, a ser elaborado ainda neste mês. Com o instrumento, é possível calcular a geração de gases de efeito estufa (GEEs) e, a partir disso, ter um cenário preciso de quantas árvores seriam necessárias para compensar as emissões.

Uma equipe de 15 profissionais, entre biólogos, engenheiros e técnicos agropecuários, irá a campo coletar amostras de solo e materiais orgânicos em 249 pontos distribuídos em 16 municípios.

A previsão é que essa radiografia, que corresponde à primeira etapa, seja concluída em cinco meses. O investimento está orçado em R$ 900 mil. O documento, a ser atualizado a cada cinco anos, servirá de base para discussões de políticas de manejo e conservação da biodiversidade e também para catalogar as espécies arbóreas existentes em Pernambuco.

A iniciativa é coordenada pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. No Estado, o levantamento será realizado com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Responsável por capacitar a equipe que vai a campo, o engenheiro florestal da SFB, Guilherme Gomide, a novidade desse novo inventário em comparação ao último, feito nos anos 80, é que esse terá cunho socioambiental.

“Vamos entrevistar até quatro moradores que moram no entorno desses pontos de coleta. Esse contato servirá para entendermos a importância dos recursos naturais as comunidades e como a floresta é manejada por essas pessoas, seja para alimentar o gado ou produzir lenha para cozinhar. Ainda é uma prática muito comum o desmatamento da Caatinga para esses fins”, explicou Guilherme Gomide.Ainda segundo ele, o inventário, ao quantificar os recursos florestais existentes em determinada área, mostrará o estado de conservação dela e a biodiversidade como um todo.

“Como a atualização (do inventário florestal) se dará a cada cinco anos, isso dará um panorama maior. Por exemplo, o que é identificada como floresta hoje poderá não existir daqui a cinco anos e vice-versa. É por isso que é um instrumento importante. Porque nos faz pensar em meio de proteger a Caatinga, bioma o qual também há ocorrência de Mata Atlântica”, contextualizou o engenheiro florestal.

A capacitação dos 15 profissionais segue até o próximo dia 14. “Após essa etapa, cairemos em campo. Em cada município teremos uma base e a ideia é que passemos uma semana em cada um. Lembrando que as condições climáticas vão contar muito para que tenhamos um resultado satisfatório”, ponderou.

Unidades de Conservação
A segunda etapa pretende focar no estoque de carbono armazenado nas Unidades de Conservação (UCs) existentes no Estado. Caberá à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) definir quais, do total de 82 UCs, a serem beneficiadas, podendo, inclusive, ser contemplada a criação de novas unidades.

De acordo com a Semas, essa fase que será realizada com recursos de compensação ambiental no valor de R$ 1,5 milhão, ainda está em fase final de liberação de recursos, mas os editais devem ser licitados ainda este ano. “É um valioso instrumento de suporte e orientação de políticas públicas de desenvolvimento, uso e conservação desses recursos”, reforçou o secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Semas, Carlos André Cavalcanti.

FolhaPE

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