Devido ao avanço da febre amarela no Brasil, Pernambuco decidiu criar uma vigilância em epizootia para verificar se há mortalidade de primatas relacionada ao vírus no Estado. O serviço terá quatro unidades de referência que vão fazer necropsia em macacos e averiguar a presença ou não da doença. Apesar de não fazer parte do mapa nacional de localidades de risco para a enfermidade, o governo estadual acredita que o momento é de cautela para todos.
Mesmo sem a presença dos principais vetores silvestres da febre amarela – os mosquitos Haemagogus e Sabethes -, o Estado tem o desafio do Aedes aegypti, que pode ser o transmissor urbano. O Ministério da Saúde vem reforçando que os surtos atuais estão localizados em áreas silvestres.
Segundo a coordenadora de arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes, o Estado teve o último registro de febre amarela urbana nos anos 1930 e no Brasil em 1942. Não é conhecido até então a forma silvestre da doença em Pernambuco, contudo a ocorrência de doentes em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo fez com uma rede fosse organizada como forma de prevenção.
“A vigilância com primatas não era recomendação em nenhum estado que não fosse considerado de risco. Mas não vamos esperar e decidimos iniciar o monitoramento. Instituímos quatro unidades sentinelas e amanhã (hoje) começaremos a acertar como será feito e trabalho e quando terá início”, contou.
As unidades de referência são a UFRPE do Recife e de Garanhuns, a Univasf de Petrolina e o centro de controle de zoonoses de Serra Talhada. Claudenice explicou que esses espaços farão a necropsia dos animais e a coleta de vísceras que serão avaliadas para a doença.
A gestora destacou que os serviços não vão fazer caça aos macacos. E nem há indicação para captura indiscriminada de primatas. “É demanda espontânea. Os animais que vierem a óbito e forem encontrados por policiais, órgãos ambientais, Ibama, CPRH podem ser entregues para exames”, disse.
Ela ainda informou que já existe protocolo nacional para trato de pacientes humanos com a suspeita da doença, inclusive reforçou que a notificação de casos deve ser imediata nas unidades de saúde para que haja bloqueio vetorial.
Segundo o Ministério da Saúde, desde dezembro já são 811 casos suspeitos da doença no Brasil. Do total, 630 casos permanecem em investigação e 140 foram confirmados. Foram confirmados 49 óbitos. Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo continuam com casos investigados e/ou confirmados. Já Goiás e Distrito Federal descartaram as notificações. Já o caso atribuído inicialmente, como local provável de infecção ao Mato Grosso do Sul, está sendo reavaliado.
Folha de Pernambuco