De acordo com dados levantados pela Folha de Pernambuco, 84 prefeitos, dentre os 128 que estariam aptos à reeleição, tentaram o segundo mandato consecutivo em seus municípios. Destes, 39 conseguiram se reeleger, 44 perderam a eleição, e um deles, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), tenta a reeleição no segundo turno.
Independente da vitória ou derrota do socialista na Capital, a quantidade dos que falharam em suas tentativas de se reeleger representa mais da metade dos gestores que tentaram renovar seus mandatos no Estado.
O cientista Elton Gomes considera atípica a dificuldade de reeleição dos prefeitos. “Isso é um quadro atípico. No Brasil tudo concorre para o bem dos que tentam a reeleição. Os candidatos com a máquina podem fazer campanha com recurso público legal e ilegalmente. No ano da reeleição, se aumenta muito o investimento dos prefeitos, sobretudo em relação a obras físicas”, comentou.
Ele acredita que a proibição do financiamento empresarial de campanha, a mudança das regras eleitorais e a dificuldade do governador Paulo Câmara (PSB) de manter uma base ampla de apoio nos municípios podem ter contribuído para o resultado eleitoral.
“É bom usar a máquina quando está bem. Entretanto, com a escassez de recursos pode existir uma dificuldade maior. Provavelmente as novas regras eleitorais, que proibiram as doações empresarias, podem ter causado um papel importante. Uma vez que se colocou um limite na relação incestuosa entre público e privado. Também se pode questionar as alianças locais. Normalmente, os prefeitos são muito ligados ao governador. Não sei se a situação da Frente Popular no Estado pode ter interferido, mas acho que sim. A frente é ampla, 21 partidos. Pode ser que o nível de dependência do Governo do Estado, somado à dificuldade em se contemplar todos os aliados, possa ter interferido”, comentou.
Já o cientista político Antônio Lucena acredita que o Brasil, como um todo, passa pelo mesmo fenômeno de dificuldade na reeleição dos prefeitos. “O que acontece em Pernambuco não é um quadro muito diferente do que acontece no Brasil. A gente vê uma grande quantidade de candidatos que não conseguiram se reeleger ou não fizeram um sucessor. Exemplo, o caso do Rio de Janeiro onde o PMDB, do prefeito Eduardo Paes, não conseguiu emplacar o seu candidato. Lá, quem está na disputa são outros candidatos de partidos diferentes. Em São Paulo, Haddad não conseguiu se reeleger”, declarou.
Folha de Pernambuco