O ano de 2015 terminou, mas o rastro das perdas amargadas por vários setores produtivos no Brasil se alastrou para este ano, evidenciado pelo aumento de pedidos de recuperação judicial e de falências desde o semestre passado. O Serasa Experian registrou um aumento das falências em Pernambuco em 2015, quando a quebra de 11 empresas foi decretada. Em 2014 foram apenas quatro. No Recife, o mesmo índice passou de duas para cinco. As recuperações judiciais também subiram de 14 para 15 no Estado e, no Recife, de cinco para oito empresas.
No Brasil de modo geral, o Serasa registrou um crescimento de 55% nos pedidos de recuperação judicial em 2015, ante ao ano anterior. Foram 1.287 processos frente aos 828 de 2014, o maior resultado desde 2006, de acordo com a entidade. A medida é importante e visa evitar a falência, como uma alternativa quando a empresa perde sua capacidade de honrar débitos.
“O principal objetivo é a renegociação com credores”, explicou o advogado Rodrigo Beltrão, do escritório Matos, Paruá & Beltrão Advogados. Ele explica que o pedido deve ser feito na justiça, a partir de então a companhia precisa traçar um plano de recuperação para superar a crise.
No fim do ano passado, grandes negócios instalados em Pernambuco, a exemplo da indústria e distribuidora de papel, Ondunorte, e da distribuidora de alimentos KarneKeijo, entraram com pedidos de recuperação judicial. O esfriamento do mercado também pressionou empresas do setor têxtil como a Algo Bom, em Paulista, e a Geraldo Araújo, no Recife; de distribuição, a exemplo da Costeira Distribuidora, no Cabo de Santo Agostinho, as quais estariam com processos de recuperação em andamento.
“O aumento de consultas de empresários sobre esse tipo de recurso triplicou desde o fim do ano passado”, informou Beltrão. Ele lista os setores de construção civil, varejo e de transportes como os mais abalados pela crise. Além desses, toda a cadeia de fornecimento atrelada aos empreendimentos âncora de Suape, a exemplo da Refinaria Abreu e Lima.
Com as grandes empresas em passos lentos, toda a cadeia de suprimentos é prejudicada. O presidente do Sindicato de Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas (Sindileq-PE) calcula que 70% das cerca de 100 principais empresas do ramo em Pernambuco estão com os negócios prejudicados. “Fomos diretamente atingindo pela redução da demanda, sobretudo porque 90% da nossa clientela são da construção civil, setor onde muitas empresas estão em recuperação judicial”, informou.
Uma das clientes importantes para o segmento de locação de máquinas é a Galvão Engenharia, cuja recuperação foi aprovada no ano passado. A companhia alegou inadimplência da Petrobras como justificativa às dificuldades financeiras. A empresa é investigada no âmbito das operações Lava Jato e Vidas Secas da Polícia Federal, por irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima e da Transposição do Rio São Francisco, respectivamente.
Retorno
As empresas citadas foram procuradas pela reportagem da Folha de Pernambuco, que não recebeu retorno. A KarneKeijo não quis se posicionar.
Folha de Pernambuco